Apesar de o prazo para mudança de partido para quem pretende ser candidato nas eleições municipais do ano que vem ter terminado nessa sexta-feira, a bancada federal do Partido Social Democrata (PSD) pode crescer ainda mais. Com 52 deputados – o que faz da legenda a terceira maior na Câmara – outros 14 parlamentares estão em negociação com os líderes da nova sigla. O deputado federal Geraldo Thadeu (MG), que deixou o PPS e integra a executiva nacional do PSD, lembra que o prazo para a mudança daqueles que não serão candidatos é maior e vai até o dia 26. No Senado, a meta é fazer sete cadeiras e nas prefeituras, nada menos que 500 nomes.
Um dos motivos que limita a entrada de novos deputados mineiros na legenda é a disputa por territórios eleitorais. O deputado Jaime Martins (PR) também foi convidado, mas as negociações não avançaram, pois ele tem como base Divinópolis, na Região Centro-Oeste, assediada por outros integrantes do PDS, como Alexandre Silveira.
Sindical
O PSD também já tem um braço sindical. Ademir Camilo, que mudou de legenda nessa sexta-feira, foi eleito recentemente presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), a terceira maior central sindical do país. Ele avalia que a tendência é que outros integrantes da UGT também se filiem ao PSD. “Em São Paulo o presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, já foi para a legenda”, lembra. O instituto do PSD, a ser criado, vai estreitar os laços com os trabalhadores, de acordo com Camilo. O deputado que já foi do PDT é cotado para ser candidato a prefeito de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri.
Foi pensando nas eleições municipais que o deputado estadual Celinho do Sinttrocel (PC do B) não se transferiu, apesar do convite, pois mira a prefeitura de Coronel Fabriciano. Na Assembleia Legislativa a bancada do PSD fechou com oito integrantes. Outros três deputados também cotados para se filiar ao partido não deixaram suas legendas. João Vítor Xavier (PRP), Fred Costa (PHS) e Neilando Pimenta (PHS) optaram por permanecer nos partidos em que foram eleitos.
“Houve conversas, mas como tenho compromisso com o partido preferi não fazer a troca. Em uma decisão dessa precisa haver uma boa razão, que não percebi no momento”, entende Xavier. Já Fred Costa disse que foi convidado, mas não chegou a cogitar a mudar de partido.
A bancada do PSD na ALMG ficou assim: Fábio Cherem, Hélio Gomes, Wilson Batista, Cássio Soares, Fabiano Tolentino, Neider Moreira, Gustavo Valadares e Duarte Bechir. A bancada será a terceira maior da Casa, empatando com o PMDB, e menor que a do PSDB (12) e PT (11). As principais razões dos deputados que migraram foi a insatisfação com os antigos partidos e a oferta de maiores possibilidades políticas.
Clésio no PMDB
Outro mineiro que pode trocar de partido até o dia 26 é o senador Clésio Andrade (PR). Convidado pelo presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, para ir para a legenda, o senador considera fortemente a possibilidade de mudança. Clésio assumiu a cadeira no senado com a morte de Eliseu Resende (DEM), no início do ano. Se mudar de partido se mantêm na base aliada da presidente Dilma Rousseff, ao contrário de seu antecessor.
Daqui para o futuro
Feito para desequilibrar
Patrícia Aranha
PSD com P de pragmatismo. É assim que a legenda do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, deve agir no Congresso. O consultor de marketing político Gaudêncio Torquato, professor da USP, avalia que apesar do discurso independente, a posição em relação ao governo deve ser 80% situacionista. Para ele, a presidente Dilma Rousseff não poderia estar mais contente com a criação do partido. “Não será um problema para Dilma, será a grande solução. O PSD poderá ser um pêndulo, se algum outro partido da base ameaçar ser contrário, o PSD será aquele que poderá desequilibrar a favor do governo”, afirmou. Apesar deste perfil, Torquato adverte que qualquer partido com mais de 50 deputados é grande o suficiente para também teimar em dizer não. E é aí que o pragmatismo falará alto. Ficar contra o governo até pode ser, mas contra a opinião pública, nunca. “É o fato novo do trimestre”, vaticina Torquato, para quem o significado pode ser ainda maior se confirmadas as novas filiações até o prazo limite de 26 de outubro. Outro fator que poderá ampliar a dimensão do PSD é a decisão sobre a divisão da propaganda eleitoral. “Se a justiça analisar que os deputados podem levar os tempos dos partidos a que pertenciam antes de migrar, crescerá em importância. De toda maneira, ao fazer alianças, a legenda também ganhará tempo na mídia”, afirmou.
Cronograma
Nessa sexta-feira foi o último dia para que os cidadãos que pretendem concorrer às vagas de prefeito e vereador no próximo ano se filiem a algum partido político com o estatuto aprovado pela Justiça Eleitoral. Só podem se candidatar aos cargos em disputa cidadãos que estejam filiados a partidos políticos a pelo menos um ano antes do pleito, escolhidos em convenção partidária. No Brasil, não são permitidas as chamadas candidaturas avulsas
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