Ainda que o isolamento da senadora seja cada vez mais evidente entre os caciques petistas, os companheiros de legenda são cautelosos em falar sobre o problema. "A derrota da Marta é a derrota do PT", sintetizou o presidente estadual do partido, deputado Edinho Silva. "É muito ruim disputar com ela", admitiu o vereador José Américo.
No entanto, como o trabalho de convencimento não vem surtindo efeito, os aliados de Haddad pretendem pedir a intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, em última instância, recorrerão à presidente Dilma Rousseff. "O Lula já conversou com todos os pré-candidatos, mas terá de chamá-la de novo. Agora ele precisa ter um outro tipo de conversa com ela", disse um cacique do PT estadual. "Temos de promover um processo jeitoso de retirada", emendou. "Um apelo da presidente será decisivo. Diante de um apelo da presidente, ela aceitaria (desistir)", calculou um apoiador de Haddad. "Estamos torcendo para que isso aconteça", completou.
Para o deputado federal Cândido Vaccarezza, aliado de Marta, é difícil cogitar a desistência da senadora, uma vez que ela ainda não deu nenhum sinal de que pretenda abrir mão de sua pré-candidatura. Vaccarezza também não acredita que a presidente se envolveria no imbróglio do PT paulistano. "Acho que ela não vai se engajar nisso", avaliou.
Já os apoiadores de Marta buscam uma forma de reverter o isolamento da petista e dar-lhe fôlego para chegar às prévias contra Haddad. Nos bastidores, os aliados da senadora querem atrair os pré-candidatos Carlos Zarattini e Jilmar Tatto para aumentar seu cacife contra o candidato de Lula. "Tenho trabalhado por uma frente pró Marta com Zarattini e Tatto. Ela é candidatíssima e está fazendo um esforço para atrair os dois", revelou o deputado estadual João Antonio.