Há mais de dois meses no comando do Ministério da Defesa, o ministro Celso Amorim ainda não teve nenhum contato oficial com as três empresas que participam da concorrência internacional para fornecer 36 caças de alta tecnologia à Força Aérea Brasileira (FAB) - o projeto F-X2.
Executivos da francesa Dassault e da sueca Saab confirmaram que suas empresas ainda não tiveram acesso à pasta para tratar do projeto desde que Amorim substituiu o ex-ministro Nelson Jobim, no início de agosto. Por nota, a americana Boeing também informou que não teve mais contato com o ministério.
Negócio estimado em US$ 10 bilhões (R$ 17,6 bilhões), a renovação da frota da FAB está suspensa desde o início do ano por decisão da presidente Dilma Rousseff. O processo se arrasta desde 2002. A compra dos caças foi interrompida por questões orçamentárias. A previsão é que o governo federal anuncie sua decisão apenas no fim do ano que vem.
"Por enquanto, que eu saiba, não há conversa. O processo está parado. A presidente resolveu parar para se dedicar a outras áreas", disse Jean Marc Merialdo, diretor do consórcio Rafale International no Brasil, hoje de manhã, durante seminário promovido pela empresa no Rio. "Nós, das empresas, não estivemos com ele (Amorim). Por enquanto, entre as empresas e o ministério não há pontes ou interlocução", afirmou o executivo.
Diretor para a campanha do Gripen NG da Saab no Brasil, Bengt Janér disse que está em contato com o ministério para tratar de outros projetos que a empresa sueca desenvolve com a pasta. Sobre o F-X2, o executivo admite que não houve avanço. "O ministro da Defesa está se inteirando dos vários projetos da pasta dele", disse Janér. "FX-2 está parado, eu concordo. Está na mão da presidente. O ministro está em sintonia fina com ela", argumentou o executivo.
A assessoria de imprensa do Ministério da Defesa limitou-se a informar que o programa de renovação da frota de caças da FAB está no âmbito da Presidência da República.