Único representante de entidade civil a fazer discurso de cima do caminhão dos organizadores da Marcha contra a Corrupção, em Brasília, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, defendeu nesta quarta-feira o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O órgão está em crise desde que a corregedora Eliane Calmon afirmou que há "bandidos de toga" no Judiciário e deve ser fortalecido, na opinião do advogado, com poderes para punir juízes que cometem desvios de conduta.
"Juiz que não tem nenhum tipo de problema ético, juiz que é sério e honesto não teme qualquer tipo de fiscalização e muito menos um CNJ forte", defendeu Ophir. Além de apoio ao CNJ, os outros objetivos da marcha foram a implementação da ficha limpa e o fim do voto secreto por deputados e senadores. "Chega do parlamentar se esconder atrás do sigilo", disse.
O presidente da OAB desafiou entidades de magistrados ou do Ministério Público a saírem em defesa do combate à corrupção e classificou liberdade e independência como as missões maiores da advocacia brasileira. Ele reivindicou também o julgamento célere pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da constitucionalidade da Lei Ficha Limpa. "Precisamos exigir que o STF não só julgue, mas que diga à sociedade que essa lei representa a redenção dos costumes políticos neste país. Precisamos de uma política séria, em que o governante não faça da política uma extensão dos interesses privados".
O ato reuniu 20 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar. O início do trajeto foi o Museu da República, na Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes foram até a Praça dos Três Poderes e circundaram o Congresso Nacional, onde houve pausa para cantarem o Hino Nacional. "Não tenho dúvidas de que, a partir dessa marcha nas ruas, estamos conseguindo transformar a sociedade", disse Ophir.