Arestas
Os grandes eventos esportivos marcados para o Brasil estão gerando dissabores para a presidente. A Olimpíada do Rio de 2016 não é exceção. Dilma está sem paciência com o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. A intenção inicial da presidente era que Meirelles fosse o grande administrador dos jogos no Rio, o responsável por gerenciar as obras, controlar as licitações, utilizando toda a sua expertise e respeitabilidade internacionais. Mas brigas políticas com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito carioca, Eduardo Paes, esvaziaram a influência do ex-presidente mundial do Bank Boston. Mesmo assim, ela queria manter Meirelles no cargo de autoridade pública olímpica(APO). Mas ele não quis, sentindo-se desprestigiado. Dilma nomeou Márcio Fortes para o cargo e avisou a Meirelles que ele seria o representante do governo federal no Conselho da APO. O ex-presidente do BC continuou tristonho e aceitou o convite para filiar-se ao PSD, com a possibilidade de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Cabral também é outro amigo de Lula que está em rota de colisão com a presidente. Dilma detesta que pessoas digam a ela o que tem de fazer. Prova disso foi o que a presidentee disse em recente reunião com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. "Concorra a uma eleição, consiga 56 milhões de votos e sente aqui, nesta cadeira. Então a gente conversa". Em relação a Cabral, Dilma tem emitido sinais constantes de que o governador fluminense ultrapassou, há muito, o limite do bom senso no debate sobre a divisão dos royalties do petróleo. Para não parecer instransigência, a presidente recebeu o peemedebista em audiência reservada no dia em que viajaria para a Europa. Dois dias depois, Cabral declarou que a presidente deveria "vetar qualquer projeto que ferisse os interesses do Rio de Janeiro". Novo atrito no relacionamento.
As trocas de ministros deixaram sequelas graves no humor presidencial. Nelson Jobim foi o principal deles. Dilma nunca escondeu que preferia tirá-lo do Ministério da Defesa, mas acabou aceitando os apelos de Lula e manteve-o no governo. Em oito meses na pasta, falou demais e fez de menos. Disse que nos tempos atuais "os idiotas perderam a modéstia". Admitiu publicamente que votou em José Serra nas eleições de 2010. Por fim, disse que a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, não conhecia Brasília e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ideli Salvatti, era muito fraquinha.
O escândalo nos Transportes também levou a presidente a riscar de sua caderneta, de uma vez só, o senador Alfredo Nascimento (atual presidente nacional do PR) e o deputado Valdemar Costa Neto (secretário-geral do partido). Valdemar é suspeito de comandar o esquema de corrupção na pasta e Alfredo teria perdido a chance para sanear o ministério. Não o fez e ainda reclamou pelos corredores de ter sido excluído de reuniões para discutir o PAC.