PF já investigava convênios do Ministério do Esporte
A Polícia Federal já investigava irregularidades em convênios assinados pelo Ministério do Esporte antes de tomar conhecimento das denúncias de pagamento de propina feitas pelo policial militar João Dias. O nome do ministro Orlando Silva - apontado como beneficiário do suposto esquema de corrupção - será incluído nas apurações. A instituição ainda avalia se é necessário abrir um novo inquérito ou se pode atualizar procedimentos já existentes.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai determinar que a PF apure a denúncia de que Orlando Silva teria recebido propina de ONGs dentro da garagem do Ministério do Esporte, segundo relato de João Dias à revista "Veja". Cardozo garantiu que as investigações serão rigorosas e lembrou que Silva está disposto a colaborar para o esclarecimento do caso, uma vez que se dispôs a abrir seus sigilos telefônico e bancário.
"Foi uma iniciativa importante, que mostra que o ministro efetivamente quer que se faça uma investigação", avaliou Cardozo. "A Polícia Federal será rigorosa, criteriosa e, havendo indício de crime, seja onde eventualmente existir, agirá com o rigor da lei."
O pedido de investigação será enviado pelo Ministério da Justiça ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra. A instituição vai verificar se as novas denúncias já são alvo de inquéritos.
"Esses novos fatos ensejarão a abertura de um novo inquérito - na medida em que envolvem uma outra autoridade, com foro privilegiado - ou se nós teremos que aproveitar os inquéritos em curso para providenciar uma apuração imediata daquilo que foi agora colocado", disse Cardozo, que participou ontem pela manhã da abertura de um seminário organizado pelo jornal "O Globo".
O policial João Dias, ex-militante do PC do B, descreveu um esquema de pagamento de propinas no valor de 20% dos convênios assinados entre ONGs e o Ministério do Esporte. Segundo ele, o desvio existe desde a gestão de Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal, quando Orlando Silva respondia pela secretária executiva do ministério. Silva rebateu as críticas, descritas por ele como um "jogo político"