A politização da Secretaria de Esporte de São Paulo, um “feudo” do PTB desde 2006, criou vínculos eleitorais entre o presidente estadual do partido, deputado Campos Machado, e diversas entidades esportivas que, desde 2007, receberam cerca de R$ 61 milhões do governo paulista.
Na última campanha eleitoral, quando concorria à reeleição para a Assembleia Legislativa, Campos Machado recebeu o apoio público de dirigentes de confederações, federações e ligas esportivas nacionais e de São Paulo.
A adesão foi formalizada em um jantar na própria casa do deputado, em agosto de 2010, e registrada no site do PTB sob o título “Dirigentes do mundo esportivo declaram apoio a Campos Machado”.
Entre outros, lá estava Paulo Zorello, presidente da Confederação Brasileira de Kickboxing, entidade que recebeu da Secretaria de Esporte R$ 3,5 milhões desde 2008. Zorello é também dirigente petebista - preside o PTB Esporte, seção do partido dedicada à área.
O jantar foi organizado pelo também petebista Miguel Del Busso, então chefe de gabinete da Secretaria de Esporte, cujo genro é sócio de uma construtora beneficiada por verbas de convênios do órgão com prefeituras do interior paulista.
A mobilização dos esportistas não se restringiu ao jantar. Em setembro, a menos de um mês das eleições, a Federação Paulista de Lutas e Artes Marciais publicou em seu site uma declaração de apoio à candidatura de Campos Machado. Em uma reunião com representantes de dezenas de academias, a presidente da entidade Marijô Couto, pediu votos em público para o deputado, apontado como um “parceiro incansável das artes marciais”. A federação recebeu R$ 1,2 milhão da Secretaria de Esporte desde 2007.
A secretaria é controlada pelo PTB - e, portanto, por Campos Machado - desde outubro de 2006. Na época, durante o governo José Serra (PSDB), o deputado indicou para o cargo de secretário o ex-prefeito de Ourinhos Claury Alves da Silva.
Em 2010, Silva foi substituído pelo neurocirurgião Jorge Pagura, que anteriormente havia sido secretário municipal da Saúde na Prefeitura de São Paulo. O padrinho da indicação também foi Campos Machado, que não conseguiu evitar a demissão de Pagura, em junho passado, quando ele foi acusado de receber diárias em um hospital de Sorocaba sem trabalhar.
Desde então o secretário é outro petebista, José Benedito Pereira Fernandes, advogado e ex-prefeito de Santana de Parnaíba.