O policial militar João Dias Ferreira reuniu-se nesta terça-feira a portas fechadas com parlamentares da oposição no Congresso e reafirmou as acusações contra o ministro do Esporte, Orlando Silva. Logo depois, em entrevista coletiva, repetiu a versão de que o ministro está envolvido num esquema de corrupção na pasta.
"A verdade é única. Não existem duas verdades. Não tenho pressa nenhuma", afirmou. E avisou: "As coisas não estão encerrando aqui. Tem muita água para rolar, muitos acontecimentos virão". Segundo ele, são mais de "trezentas caixas pretas" no Esporte. "Sou apenas a primeira peça do dominó", disse. "As provas são naturais. As provas são os documentos fraudulentos", ressaltou.
A conversa dele com a oposição ocorreu no gabinete da liderança do PSDB no Senado no mesmo momento em que Orlando Silva realizava seu depoimento à Câmara dos Deputados. O encontro durou pouco mais de duras horas. Segundo os parlamentares, ele voltou a dizer que tem provas do esquema. "O depoimento dele é estarrecedor. Ele (João Dias) traz detalhes e informações que não constam da imprensa, demonstra existência de provas materiais inegáveis das denúncias, não apenas contra o ministro, mas contra todo o ministério. Isso tem de ser de conhecimento do Brasil", disse o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).
A proposta da oposição é que um convite das comissões da Câmara seja aprovado nesta quarta-feira, 19, para que João Dias possa comparecer à Casa na quinta-feira, 20. Somente depois disso se ouviria o ministro para prestar esclarecimentos. "As afirmações de João Dias são de uma tal convicção e de uma tal extensão, numa linha do tempo, com nomes, com testemunhas, com provas materiais, que serão apresentadas, que tornam imprescindíveis para a sociedade brasileira", reforçou o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP).
O policial é dono de duas organizações não governamentais (ONGs) que fecharam convênios com o Ministério do Esporte entre 2005 e 2007.