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Estado de Minas

Orlando Silva diz ter provas contra acusador

Blindado pela base governista na Câmara, Orlando Silva se defende e desqualifica PM que o acusou de de envolvimento em desvio de verbas públicas


postado em 19/10/2011 06:00 / atualizado em 19/10/2011 06:27


(foto: Valter Campanato/ABr)
(foto: Valter Campanato/ABr)
Com a tropa de choque da base governista presente e a ausência de perguntas por parte das lideranças da oposição, o ministro do Esporte, Orlando Silva, não teve dificuldades de se defender das acusações de irregularidades na pasta feitas pelo policial militar João Dias Ferreira. Em uma audiência com três horas de duração na Câmara e com um novo encontro com parlamentares previsto para ser realizado hoje, desta vez no Senado, o Palácio do Planalto considerou como positiva a participação do ministro. “Orlando demonstrou, até o momento, que tem respostas para as acusações levantadas contra ele”, afirmou um interlocutor da presidente Dilma Rousseff.

Para um plenário lotado de deputados da base, Orlando Silva pediu que o PM apresentasse as provas de que ele teria recebido dinheiro desviado do principal programa do ministério, o Segundo Tempo. Em entrevista à revista Veja, o soldado afirmou que o ministro recebeu na garagem do prédio na Esplanada recurso de forma ilegal do programa. “Até aqui esse desqualificado falou e não provou. Quem tem provas dos malfeitos dele sou eu e estão aqui”, disparou Orlando com documentos sobre duas ONGs de propriedade do PM.

Depois de ingressar no PCdoB, partido de Orlando Silva, o militar passou a comandar a Federação Brasiliense de Kung-Fu e Associação João Dias de Kung-Fu. Com a primeira, firmou um convênio de R$ 2 milhões com o ministério. A segunda entidade recebeu R$ 922 mil. Ferreira é réu em ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, em razão das irregularidades na execução dos convênios.

A audiência realizada na Câmara contou com a participação dos líderes da base aliada que um a um fizeram declaração de apoio a Orlando Silva. Aplausos não faltaram a cada intervenção. Na plateia ficaram apenas alguns deputados da oposição de pouca expressão e que não partiram para o embate contra o ministro. O discurso dele rebatendo as acusações chegou até a convencer o deputado e ex-delegado da Polícia Federal Fernando Francischini (PSDB-PR). “Estou acostumado a ouvir bandido em depoimento e não vi nos seus olhos nenhum traço de alguém que tenha realmente pego dinheiro em mãos”, disse Franscischini.

Depoimento na PF

O clima de palanque só foi quebrado uma hora e 30 minutos após o início da audiência quando os líderes dos partidos de oposição entraram no recinto e tomaram assento. O líder do DEM, ACM Neto (BA), informou que eles estiveram reunidos com o delator do suposto esquema, João Dias Ferreira.

Diante do anúncio, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN) provocou: “Mas ele não estava doente?”, ponderou. João Dias não apareceu para prestar depoimento nessa terça-feira de manhã à Polícia Federal. Ele alegou problemas de saúde. O depoimento marcado inicialmente para nessa terça-feira ainda não tem uma nova data prevista.

Após a audiência, o ministro Orlando Silva falou com a imprensa sobre a compra de um terreno avaliado em R$ 370 mil, no distrito de Sousas, em Campinas (SP). “Com relação ao terreno, é o único bem que possuo. Comprei com cheque pessoal que correspondia a valores das economias que, ao longo de toda a minha vida, eu consegui reunir. Não tive nenhuma informação sobre qualquer outro regramento ou plano diretor. É um patrimônio que está registrado no meu patrimônio de bens”, ressaltou.

Orlando também comentou a participação em um vídeo institucional da ONG Pra Frente Brasil. A entidade, dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, é alvo de denúncias de desvios de recursos do ministério. “É uma entidade que desde 2004 tem convênio com o Ministério do Esporte e presta contas regularmente. A notícia (de irregularidades) vai instruir uma análise de todas as prestações de contas dessa ONG.”
 


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