Dilma chegou da viagem à África às 20h45 e seguiu de helicóptero para o Palácio do Alvorada para reunir-se com Gleisi Hoffmann, Casa Civil; Gilberto Carvalho, Secretaria-Geral da Presidência; José Eduardo Cardozo, Justiça; e Ideli Salvatti, Relações Institucionais. Uma decisão o governo já tomou: o ministério permanecerá com o PCdoB, independentemente do destino de Orlando Silva. Essa garantia foi dada nessa quinta-feira pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho: “Disseram por aí que havia uma decisão do Planalto de tirar o ministério do PCdoB. Isso não corresponde à verdade. Temos uma relação histórica com o PCdoB que não é de hoje e não é uma crise como essa que vai abalar essa relação”.
Em Angola, na última etapa da viagem à África, Dilma criticou o que chamou de “apedrejamento moral” de Silva: “É importantíssimo que nós, que somos um país democrático, aprendamos que não se faz apedrejamento moral de ninguém. Eu li, com muita preocupação, as notícias do Brasil. Primeiro, pelo grau de imprecisão nas observações a respeito do governo. O governo não fez, não fará nenhuma avaliação e julgamento precipitado de quem quer que seja”, afirmou a presidente. “A gente tem de ter um processo sistemático de investigação, de apuração de todos os malfeitos. Agora, tem sempre de supor a presunção da inocência das pessoas. Eu vou olhar tudo com imensa tranquilidade e tomarei as posições necessárias para preservar não só o governo, mas preservar os interesses do país”, completou.
O PCdoB usou nessa quinta-feira tudo o que estava ao seu dispor para se defender e apoiar o ministro. Pela manhã, em reunião política, transferida para Brasília por conta da crise, Silva – que almoçou com o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay – foi incisivo: “Nunca haveria provas porque não houve esse fato (o encontro com João Dias)”.
Queixa-crime
A pedido de Orlando Silva, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou nessa quinta-feira à Justiça Federal queixa-crime contra o policial militar João Dias Ferreira e o motorista Célio Soares Pereira, autores das acusações de que o ministro do Esporte teria recebido recursos desviados de programas da pasta. No ofício, a AGU esclarece que “pode exercer a representação do ofendido” quando este é servidor público federal. O ministro diz que as acusações são mentirosas. A queixa-crime, assinada pelo advogado da União Homero Andretta Júnior, destaca “que está demonstrada a prática do crime de calúnia”.
Nessa quinta-feira, o advogado Kakay, esteve no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a abertura de inquérito contra o ministro. Ele pediu ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que seu cliente seja ouvido antes de o Ministério Público Federal (MPF) tomar qualquer decisão. Gurgel afirmou que deverá pedir hoje a abertura do inquérito ao Supremo. (Colaborou Diego Abreu)
Enquanto isso, MPF instaura inquérito
A Procuradoria da República em Campinas, São Paulo, instaurou nessa quinta-feira inquérito civil público para apurar supostos atos de improbidade administrativa durante a execução do convênio do Programa Segundo Tempo, firmado entre a ONG Bola Pra Frente (hoje Pra Frente Brasil) e o Ministério do Esporte. A apuração estava sob responsabilidade do Ministério Público estadual, mas como as investigações envolvem recursos federais, a atribuição passou a ser do MPF. A ONG é presidida pela vereadora Karina Rodrigues, do mesmo partido (PCdoB) do ministro.