O dossiê ganhou sigilo a pedido da própria Fifa. Segundo reportagem da rede de TV britânica BBC, Ricardo Teixeira, o ex-presidente da Fifa João Havelange e outros cartolas de futebol receberam propina da ISL. Além de marketing esportivo, a empresa negociava transmissões de jogos. Segundo a BBC, o presidente da CBF recebeu US$ 9,5 milhões da ISL em várias parcelas por meio da Sanud, apontada como uma empresa de fachada com sede em Liechtenstein, minúsculo principado da Europa, conhecido como um paraíso fiscal.
No dossiê, aparecem as iniciais JH, que seriam de João Havelange. Ele teria sido beneficiado com 1,5 milhão de francos suíços, ou seja, aproximadamente R$ 2,6 milhões. Há suspeitas de que a ISL pagou mais de US$ 100 milhões em propinas a integrantes do comitê executivo da Fifa entre 1992 e 1997 em troca de contratos de patrocínio e direitos de televisão liberados pela entidade internacional de futebol.
Transparência
Blatter anunciou a abertura do dossiê no momento em que pretende melhorar a imagem da Fifa, abatida por escândalos inclusive envolvendo a própria reeleição dele no ano passado. O dirigente suíço disse ontem que eventuais casos confirmados de corrupção não comprometem a comunidade internacional do futebol, com mais de 300 milhões de pessoas envolvidas no esporte nas mais diferentes atividades. E afirmou: “A Fifa não é corrupta”.
A ISL era uma empresa suíça de marketing esportivo. Atuou no Brasil no início dos anos 2000 em dois clubes: o Flamengo e o Grêmio. Após a CPI do Futebol e o caso Edmundo dos Santos Silva, ex-presidente do clube carioca acusado de improbidade administrativa e afastada do cargo em um processo de impeachment, a empresa faliu. Depois da falência, as dívidas contraídas passaram a ser de responsabilidade dos clubes. No Grêmio, teve um efeito devastador, pois o caixa negativo do clube aumentou significativamente.