Brasília – O relator do projeto da Lei Geral da Copa, deputado Vicente Cândido (PT-SP), pretende colocar no texto da proposta um artigo que estabelece uma cota de 30% para a compra de ingressos do Mundial destinada à meia-entrada e à população de baixa renda. No projeto encaminhado ao Congresso pelo Executivo, não há nenhuma menção sobre essas duas modalidades, apenas que é uma prerrogativa da Fifa estabelecer os preços dos ingressos. A medida, no entanto, é uma tentativa de encontrar um meio-termo entre o que quer o Palácio do Planalto e a entidade máxima do futebol. O governo não abre mão da meia-entrada para pessoas com mais de 60 anos, como prevê o Estatuto do Idoso, uma lei federal. Em contrapartida, a Fifa bate o pé contra o pagamento da metade do valor para os jovens, cujas regras variam em cada unidade da Federação.
De acordo com Vicente Cândido, a cota seria dividida em 15% para os estudantes e idosos e os outros 15% para os torcedores de baixa renda. O parlamentar defende ainda que o valor da entrada popular seja inferior ao da meia-entrada. Os ingressos para as 64 partidas da Copa devem começar a ser vendidos em agosto de 2013, logo após a Copa das Confederações.
Mesa-redonda
A venda de ingressos populares não será novidade no Brasil. Na África do Sul, a entrada mais barata — disponível apenas para os moradores do país —custava cerca de R$ 30. A expectativa da Fifa é que sejam vendidos cerca de 3 milhões de ingressos no Brasil. Caso a proposta do deputado seja aprovada, pelo menos 900 mil ingressos receberiam desconto. “É uma negociação difícil”, adiantou o deputado ao Estado de Minas.
No dia 7 será realizada uma mesa-redonda com o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em São Paulo, para discutir a proposta. No dia seguinte, Valcke e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, participam de audiência na Comissão Especial da Câmara que trata do projeto da Lei Geral da Copa.
Defensor histórico da meia-entrada, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que seguirá a cartilha apresentada pelo Palácio do Planalto. “Sou a favor da posição do governo” disse o ministro. Aldo, no entanto, não soube responder quem deve arcar com o subsídio da meia-entrada. “Não sei quem deve pagar.”
Em entrevista ao Estado de Minas, o ministro também falou sobre o fato de o irmão, Apolinário Rebelo, ter sido citado em depoimento feito na Polícia Federal pelo delator do suposto esquema de desvio no ministério, João Dias Ferreira. Apolinário é vice-presidente do PCdoB no Distrito Federal, partido de Aldo. “Esse problema tem de ser conversado com ele. Ele não trabalhou, nem trabalha comigo. Mas não creio na procedência da denúncia”, ressaltou Aldo. No depoimento realizado na semana passada, Ferreira afirmou que foi Apolinário quem indicou o dirigente do partido, Fredo Ebling, como responsável pela arrecadação do dinheiro supostamente desviado do Ministério do Esporte, que culminaram na demissão de Orlando Silva na quarta-feira.