Jornal Estado de Minas

Brasilienses montam grupos de orações pela melhora do ex-presidente Lula

CecĂ­lia Pinto Coelho
A notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com câncer tomou de surpresa e sensibilizou os brasilienses. Nesse domingo, pela manhã, muitos aproveitaram a ida à missa para rezar por ele. Devotos que já foram vítimas da doença garantem que a oração é uma forma de angariar forças em um momento tão difícil, além de facilitar a aceitação e de criar esperanças.
“Quando recebemos o diagnóstico, temos medo de morrer porque só o nome já é sinônimo de morte”, conta a professora aposentada Carmozina Cronemberger, que, em 2004, descobriu que estava com câncer de mama. Após passar por três cirurgias, se viu livre do tumor. A professora encontrou na igreja um amparo para passar por esse período conturbado e para apoiar a irmã gêmea, que entrou em depressão após saber da notícia.

“Eu rezei muito, assisti a palestras de padres. A oração foi o poder que me curou, que me deu forças para aceitar e para consolar minha família”, diz Carmozina. “Vou rezar por Lula porque sei o tanto que isso é difícil. Ele não pode se desesperar e entrar em depressão”, completa. O médico Alyrio Quadros, 70 anos, e a mulher, Eny, 70, nascidos no Rio Grande do Sul, também encontraram na fé uma forma de vencer a doença. Alyrio foi diagnosticado com câncer de próstata em 1993 e Eny, com câncer de mama, em 2004.

Para o casal, a chave para a cura é admitir que se tem a patologia e tratá-la como uma doença séria, mas curável. “É difícil, é preciso aceitar que temos essa doença. Nós não largamos a ciência, mas também nos apoiamos muito na igreja e isso nos deu muita força”, lembra Alyrio. “Fiquei entristecido com a notícia e vou rezar por Lula”, acrescenta. O casal também admite que o apoio do conselheiro espiritual da igreja foi fundamental para a boa recuperação de ambos. “Rezei por José Alencar e por Dilma, também vou orar por Lula”, diz Eni.

O padre José Rinaldi ficou sabendo da notícia pelo rádio. “Fiquei surpreso porque ninguém tinha mencionado essa hipótese”, conta. “As preces ajudam para que a cabeça não fique pirada e o coração não perca a esperança”, brinca.

Restrições

A aposentada Odaleia Miranda conta que orou por um amigo com câncer e acredita que a prática incentivou a melhora do paciente. “A corrente é importante, fortalece. Vou rezar por Lula, assim como a gente sempre ora pela doença da família, pelos parentes e pelos amigos”, diz.

Para o padre Sávio Corinaldesi o sofrimento é a escola do crescimento humano e a doença permite que a pessoa às vezes se torne mais sensível e mais respeitosa. “A gente reza para qualquer pessoa para que não sofra. Todo mundo tem seu valor”, pontua. “A oração pode ajudar o ex-presidente para que ele confie e tenha fé”, avalia.

A irmã Maria Menezes, 60, disse que também estava na torcida pela recuperação do antigo chefe de Estado, mas afirmou que oraria por ele como o faria por outros, independentemente de ser um ex-presidente. “A oração conjunta pode ser fator para ajudá-lo, para uma melhor aceitação”, afirma.