Brasília – Desde a saída de Antonio Palocci da Casa Civil em junho, tem sido ao antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem Dilma Rousseff recorre na hora em que os problemas na política aparecem. Mas, agora, pelo menos, nos próximos quatro meses, período previsto para o tratamento do câncer da laringe do ex-presidente, ela não terá Lula ao alcance de um telefone. Nos bastidores, a avaliação é a de que Dilma está cada vez mais sozinha nessa seara. Com um agravante de que, avaliam alguns, “o para-raios do Planalto, no caso Lula, estará no conserto”.
Dilma tem noção dessa perspectiva no curto prazo e ciência das dificuldades políticas, mas, como está perto do fim do ano – o Congresso tem só mais um mês e meio de funcionamento antes do recesso, sua equipe acredita ser possível prescindir da ajuda de Lula nesse período até fevereiro. Afinal, a contabilidade palaciana de avaliar possíveis crises calcula que até dezembro resta apenas a Desvinculação de Receitas da União (DRU) como uma proposta que possa gerar conflitos. Quanto às demais, a avaliação é a de que tudo pode esperar, inclusive o projeto dos royalties do petróleo, que o governo insiste em acompanhar ao largo. “Agora, no ano que vem, com a eleição municipal a pino, é bom Lula estar recuperado, porque o governo vai precisar muito dele”, avalia uma assessora da presidente.
Ao longo dos últimos 10 meses, a presidente foi perdendo um a um de seus articuladores políticos. Talvez por isso, dizem alguns, em todas as crises recorreu a Lula. Do triunvirato que coordenou o dia a dia da campanha, sobrou apenas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O primeiro a cair foi Palocci, que durou menos de um semestre. Logo depois, foi a vez de o então presidente do PT, José Eduardo Dutra, sair de cena para tratar de uma depressão.
Rui Falcão assumiu a presidência do PT, mas não tem com Dilma a mesma relação que Dutra consolidou ao longo da campanha de 2010. Desde a saída de Palocci, contam os petistas, era Lula quem cuidava daquilo que os deputados e senadores chamam de “relacionamento macro da política”, ou seja, aparar arestas, chamar aliados para conversar de forma a prevenir ou amortecer crises. Foi assim, por exemplo, em junho, quando depois da saída de Palocci os partidos aliados – e também o PT – reclamaram da falta de interlocução com o Palácio do Planalto. Lula passou por Brasília, reuniu os senadores petistas e, dois dias depois, quando eles foram almoçar com Dilma, a situação já estava bem mais calma. “Foi Lula quem colocou aquela bola no chão para Dilma chutar. Ela não tem muita paciência com a política, é mais gestora, e Lula cumpre esse papel”, avalia um senador petista.
Esporte
Dentro do Planalto, embora a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, tenha experiência de Senado e acesso direto à chefe, não tem voz de comando como Lula. Ela hoje cuida mais do dia a dia da base do que da política macro, no sentido de fortalecer os alicerces do governo com o Parlamento ou mesmo com os partidos aliados. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, embora seja senadora, tem hoje mais a função de acompanhar a coordenação de projetos do governo e a concepção deles do que propriamente a vigilância da política.
Quem tem feito o tal “relacionamento macro da política” é o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Foi ele, por exemplo, o portador do convite ao deputado Aldo Rebelo (PCdoB) para que ele assumisse o Ministério do Esporte no lugar de Orlando Silva. Mas nada disso foi feito sem que Lula e Dilma conversassem ao telefone. No caso do Esporte, por exemplo, ela e Lula trocaram impressões sobre a crise ainda em Manaus, onde o ex-presidente aconselhou a sua ex-ministra a não se deixar levar pelos jornais.
O vice-presidente Michel Temer, um “ás” nessa seara política, ficou fora dessa articulação com o PCdoB. Temer tem ajudado em contatos com outros partidos, como o PSD de Gilberto Kassab, mas, dentro do PT, é visto como alguém que cuida mais dos peemedebistas, o que já é uma tarefa pesada, dadas as divisões internas e as rusgas constantes entre Câmara e Senado. No caso do PMDB, há dentro do PT quem diga que Lula será mais do que importante a partir do ano que vem no sentido de acalmar os aliados na hora da campanha.
Dilma tem noção dessa perspectiva no curto prazo e ciência das dificuldades políticas, mas, como está perto do fim do ano – o Congresso tem só mais um mês e meio de funcionamento antes do recesso, sua equipe acredita ser possível prescindir da ajuda de Lula nesse período até fevereiro. Afinal, a contabilidade palaciana de avaliar possíveis crises calcula que até dezembro resta apenas a Desvinculação de Receitas da União (DRU) como uma proposta que possa gerar conflitos. Quanto às demais, a avaliação é a de que tudo pode esperar, inclusive o projeto dos royalties do petróleo, que o governo insiste em acompanhar ao largo. “Agora, no ano que vem, com a eleição municipal a pino, é bom Lula estar recuperado, porque o governo vai precisar muito dele”, avalia uma assessora da presidente.
Ao longo dos últimos 10 meses, a presidente foi perdendo um a um de seus articuladores políticos. Talvez por isso, dizem alguns, em todas as crises recorreu a Lula. Do triunvirato que coordenou o dia a dia da campanha, sobrou apenas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O primeiro a cair foi Palocci, que durou menos de um semestre. Logo depois, foi a vez de o então presidente do PT, José Eduardo Dutra, sair de cena para tratar de uma depressão.
Rui Falcão assumiu a presidência do PT, mas não tem com Dilma a mesma relação que Dutra consolidou ao longo da campanha de 2010. Desde a saída de Palocci, contam os petistas, era Lula quem cuidava daquilo que os deputados e senadores chamam de “relacionamento macro da política”, ou seja, aparar arestas, chamar aliados para conversar de forma a prevenir ou amortecer crises. Foi assim, por exemplo, em junho, quando depois da saída de Palocci os partidos aliados – e também o PT – reclamaram da falta de interlocução com o Palácio do Planalto. Lula passou por Brasília, reuniu os senadores petistas e, dois dias depois, quando eles foram almoçar com Dilma, a situação já estava bem mais calma. “Foi Lula quem colocou aquela bola no chão para Dilma chutar. Ela não tem muita paciência com a política, é mais gestora, e Lula cumpre esse papel”, avalia um senador petista.
Esporte
Dentro do Planalto, embora a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, tenha experiência de Senado e acesso direto à chefe, não tem voz de comando como Lula. Ela hoje cuida mais do dia a dia da base do que da política macro, no sentido de fortalecer os alicerces do governo com o Parlamento ou mesmo com os partidos aliados. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, embora seja senadora, tem hoje mais a função de acompanhar a coordenação de projetos do governo e a concepção deles do que propriamente a vigilância da política.
Quem tem feito o tal “relacionamento macro da política” é o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Foi ele, por exemplo, o portador do convite ao deputado Aldo Rebelo (PCdoB) para que ele assumisse o Ministério do Esporte no lugar de Orlando Silva. Mas nada disso foi feito sem que Lula e Dilma conversassem ao telefone. No caso do Esporte, por exemplo, ela e Lula trocaram impressões sobre a crise ainda em Manaus, onde o ex-presidente aconselhou a sua ex-ministra a não se deixar levar pelos jornais.
O vice-presidente Michel Temer, um “ás” nessa seara política, ficou fora dessa articulação com o PCdoB. Temer tem ajudado em contatos com outros partidos, como o PSD de Gilberto Kassab, mas, dentro do PT, é visto como alguém que cuida mais dos peemedebistas, o que já é uma tarefa pesada, dadas as divisões internas e as rusgas constantes entre Câmara e Senado. No caso do PMDB, há dentro do PT quem diga que Lula será mais do que importante a partir do ano que vem no sentido de acalmar os aliados na hora da campanha.