A pressão para que a senadora Marta Suplicy (PT) desista de concorrer à prefeitura de São Paulo e apoie a candidatura de Fernando Haddad abre o precedente para que as disputas em outros estados seja solucionada da mesma maneira. O efeito da doença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acrescentou um novo componente às articulações internas do PT: o constrangimento de se dizer não a um pedido de uma liderança tão expressiva que enfrenta um momento tão difícil. “À capacidade natural de Lula de articulação soma-se, agora, o componente emocional. Passou a ser muito mais difícil dizer não ao Lula”, confirmou ao Estado de Minas um ministro influente do governo Dilma.
O caso de Marta foi emblemático. Há pouco mais de um mês, o próprio Lula e a presidente Dilma Rousseff tinham conversado com a senadora para que ela abrisse mão da candidatura, o que praticamente eliminaria a possibilidade da realização de prévias em São Paulo. Na época, ela fez ouvidos moucos. “Se o PT quiser perder, basta lançar Haddad como candidato”, disse Marta, pouco depois do primeiro contato, durante uma das caravanas do partido com os pré-candidatos à prefeitura paulistana.
O cenário agora mudou. Dilma fez questão de conversar com Marta no aeroporto, antes de embarcar para a reunião do G-20, que ocorre em Cannes, na França. O recado de que esse seria o mesmo desejo do ex-presidente Lula foi dado um dia depois de Dilma visitá-lo no Hospital Sírio-Libanês, onde o ex-presidente se recuperava da primeira sessão de quimioterapia. Marta anuncia hoje a desistência da pré-canpdidatura. A pressão agora vai recair sobre os outro pré-candidatos, Jilmar Tatto e Carlos Zarattini.
Belo Horizonte
O argumento está dado para outras capitais onde o PT insiste em disputas internas que poderão sangrar o partido ou deixá-lo em situação incômoda com os aliados. É o caso de Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Fortaleza e Manaus. Em Minas Gerais, a equação ainda precisa ser resolvida. Atualmente, o partido está como vice na chapa do prefeito Marcio Lacerda, do PSB. No último congresso nacional da legenda, foi acertada uma resolução política recomendando alianças com os mesmos partidos que compõe o arco de parceiros no plano federal.
O maior problema é que Lacerda também conta com o apoio do PSDB de Aécio Neves e muitos petistas são contra a aproximação. Em 2008, o apoio a Lacerda foi costurado pelo então prefeito de Belo Horizonte e atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel. Na época, Lula concordou, mas disse que Pimentel teria que construir um caminho dentro do PT para viabilizar a parceria.