Na lógica atual petista, Palocci e Dirceu continuarão tendo influência. Mas, diferentemente daquela época, nenhum dos dois pode expor-se publicamente. Os dois ex-homens fortes do governo Lula sucumbiram com denúncias de corrupção. Dirceu é réu no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Palocci foi exonerado do ministério de Dilma Rousseff por não conseguir explicar o aumento em 20 vezes do próprio patrimônio em um período de quatro anos.
Opção
Outro nome que pode unificar o partido, por ser um interlocutor próximo do ex-presidente, é o assessor especial para assuntos internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia. Ele foi presidente do PT em outro momento delicado, quando o escândalo dos aloprados derrubou Ricardo Berzoini da presidência da legenda e impediu a vitória de Lula no primeiro turno das eleições presidenciais de 2006. Com poder de fogo no governo aquém das expectativas depositadas sobre ele, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também será voz ativa neste momento, já que é o principal representante da segunda maior corrente petista — a Mensagem ao Partido.
Um terceiro caminho apontado por um senador do PT é que as diversas correntes internas e as lideranças regionais façam prevalecer suas opiniões e busquem, entre si, o consenso, sem a necessidade de uma “instância recursal lulista”. O PT hoje tem lideranças pontuais que podem exercer esse papel, como o prefeito de Santo André, Luiz Marinho; o governador da Bahia, Jaques Wagner; e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. São figuras respeitadas no partido, mas que não têm força suficiente para unificar a legenda nacionalmente.
O drama do PT deriva da constatação de que o próprio partido não seria criado sem a figura do ex-presidente Lula. Foi em torno dele que se uniram intelectuais, militantes de esquerda, sindicalistas e representantes dos movimentos eclesiais de base.