Brasília – Quem “ama” o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tem pedido que ele saia do governo antes que a presidente Dilma Rousseff o demita. É assim que os pedetistas estão tratando do seu ministro, numa referência à frase “Dilma, eu te amo”, que Lupi usou em depoimento no Congresso. Nessa quarta-feira, integrantes da legenda foram informados de que a decisão de afastar o ministro está tomada e a saída é questão de tempo. Assessores e políticos ligados ao Palácio do Planalto informam que já se discutem nomes para o cargo, caso dos deputados Vieira da Cunha (RS), João Dado (SP), André Figueiredo (CE), presidente interino do partido, e do ex-senador Osmar Dias (PR). Afinal, avisam esses assessores, se o feriadão de Lupi foi em busca de provas que justificassem o uso do avião do empresário supostamente pago por Adair Meira, da Fundação Pró-Cerrado, o de Dilma foi da mais pura irritação ao ver o seu ministro na TV dizendo que não conhecia Meira e, em seguida, uma fotografia de Lupi saindo do avião que o empresário arrumou para uma viagem pelo interior do Maranhão. “Era só o que me faltava”, reclamou Dilma.
Defesa Para que Planalto não fique mal com o PDT, esta quinta-feira será dada para a defesa do ministro. A oposição não precisou fazer nenhum esforço para emplacar o requerimento que levará o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado hoje para prestar esclarecimentos sobre a utilização de aeronave particular providenciada pelo presidente de uma ONG beneficiada com recursos da pasta que comanda. A bancada governista do Senado não se mobilizou para evitar a ida de Lupi ao Congresso, apenas solicitou que o requerimento, de autoria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), fosse um convite, e não uma convocação.
Na volta do feriado, os deputados da oposição também organizaram a linha de frente contra a permanência de Lupi. Em uma manobra da oposição, a Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) da Câmara aprovou nessa quarta-feira a convocação do ministro e do ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego, Ezequiel Nascimento.
A aprovação da convocação ocorreu depois que a bancada governista recusou acordo com a oposição e rejeitou o convite para que Adair Meira fosse depor no colegiado, principal preocupação do governo. A bancada aliada pediu votação nominal e impediu a aprovação do convite. Os depoimentos, entretanto, ainda não têm data marcada.
A sobrevida conquista por Lupi nessa quarta-feira pode não durar muito tempo. No geral, os palacianos não negam que o pedetista cumpre hoje o mesmo ritual de queda que seguiram Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transporte), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte). Lupi é o sexto e, até agora, nada indica que fugirá à regra. (Com Josie Jeronimo e Karla Correia)
Sem retaguarda
Na audiência desta quinta-feira no Senado, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não contará com a retaguarda dos parlamentares governistas para se proteger dos questionamentos da oposição. “Não interessa o partido, não interessa a pessoa, interessam os fatos. Os fatos são graves. A sociedade brasileira aguarda esclarecimentos. Partido político não serve para empregar pessoas”, disse o senador Pedro Taques (PDT-MT. O discurso da senadora Ana Amélia (PP-RS) também foi termômetro do clima que aguarda Lupi hoje no Senado: “A vinda do ministro Lupi é inadiável pelo acúmulo de denúncias. O apoio dos senadores governistas ao requerimento é um sinal positivo e muito claro de que é interesse do próprio governo que o ministro preste, com urgência, os esclarecimentos necessários.”