Para explicar os contratos e convênios denunciados, o pedetista também adotou o mesmo discurso dos ministros demitidos, garantindo haver transparência nas contas da pasta e afirmando que as irregularidades não poderiam ser comprovadas. Assim como Palocci, que afirmou ter entregue todas as informações sobre sua empresa à Procuradoria Geral da República (PGR), e Orlando Silva, que encaminhou pedido para abertura de inquérito para esclarecer as suspeitas, Carlos Lupi também lançou mão do trabalho da PGR para defender os balanços do Ministério do Trabalho. "A gente já deu as respostas que tinha que dar, apresentou os documentos, o procurador-geral da República já se pronunciou. As prestações de conta foram feitas em etapas, acompanhadas pela Procuradoria", defendeu.
“Italianão”
Se nas cobranças por provas mais concretas e nas garantias de que todas as explicações seriam apresentadas o ministro seguiu o passos dos ex-colegas da Esplanada, quando discutiu a permanência no cargo Carlos Lupi adotou estratégia diferente. Durante as justificativas para parlamentares sobre as denúncias, ele deixou de lado o tom contido, perdeu a pose e terminou sendo obrigado a fazer uma retratação pública depois de desafiar a presidente da República. Questionado se poderia perder o cargo por causa das suspeitas de desvio de recursos em convênios e parcerias firmados com Organizações Não Governamentais (ONGs), o ministro se defendeu de forma dura e duvidou que seria retirado do cargo: “Só saio abatido à bala. E tem que ser bala forte, pois sou pesadão”, afirmou Lupi.
O arrependimento pela declaração veio rápido. Dois dias depois, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, transmitiu a insatisfação da presidente em relação ao tom ameaçador do ministro e deu o recado: Lupi e todos os ministros do governo sabem que quem nomeia e quem demite é a presidente da República. As desculpas vieram no dia seguinte, durante audiência na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, quando o ministro justificou seu exagero e mostrou que o recado foi bem entendido. “Presidente Dilma, desculpe se fui agressivo, não foi minha intenção. Eu te amo”, disse o ministro.