Jornal Estado de Minas

Juiz de Fora sediou base de esquema de fraudes em pregões investigado pela PF

Edson Luiz
Brasília – A Polícia Federal desvendou um esquema de fraudes em pregões que, apesar de ser baseado em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, agia em todo o Brasil. O grupo tentou entrar irregularmente no sistema de fornecimento de serviços em diversos órgãos da União, inclusive da própria PF, Receita Federal e Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para isso, o grupo usava empresas em nome de laranjas e falsificava documentos de capacitação técnica para poder trabalhar com o governo, mas em alguns casos não houve a prestação dos serviços. Os contratos assinados com o poder público chegaram a cerca de R$ 30 milhões. Quatro pessoas foram presas ontem.
Segundo o delegado Cláudio Dornelas, que coordenou a ação da Polícia Federal em Juiz de Fora, o grupo não apenas tentava ganhar pregões da União, mas também do estado e municípios. "A atuação era em todas as esferas", conta Dornelas, explicando que a ação era feita em outros estados, como São Paulo — onde havia empresas —, Rio de Janeiro, Pará e Rio Grande do Sul. As licitações, conforme o delegado, eram ganhas por firmas que eles formavam. "Já existem sete inquéritos instaurados contra esse pessoal, que apura os contratos celebrados até agora", explica o delegado.

Durante a investigação, que resultou na Operação Trucatto, desencadeada ontem, a PF conseguiu identificar indícios de fraudes nos pregões de alguns órgãos públicos importantes, mas sem êxito. Além da Polícia Federal, Receita, STJ, houve tentativa de irregularidades em licitações da Fundação Nacional do Índio (Funai), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ministério da Defesa e Tribunal de Contas da União (TCU). A maior parte do trabalhos que eles pretendiam contratar era na área de prestação de serviços. "Normalmente na área de limpeza e conservação", observa Ornelas.

A investigação contou com a ajuda da Receita, que acionou a PF depois de identificar fraudes no pregão para a instalação de seu call center — o contrato não foi assinado. A partir disso, outras licitações envolvendo as firmas do grupo começaram a ser observadas e detectadas as irregularidades. A PF não informou onde aconteceram as quatro prisões durante a Operação Trucatto e nem quem seriam as pessoas. Além das detenções, os policiais realizaram 10 buscas e apreensões em locais suspostamente pertencentes ao grupo.