Agora, enquanto os outros ministros conduzem os programas do governo, caberá a Lupi dar as respostas sobre malfeitos no Trabalho. Afinal, julgam os políticos, não sobrou muito o que fazer na pasta. No próprio PDT, há quem avalie que o Ministério do Trabalho virou praticamente uma carcaça. Lupi não irá mais assinar convênios com ONGs, porque a prática está suspensa. Quanto aos programas de qualificação profissional, o Pro-Jovem, na prática, mudou de nome e foi transferido para o Ministério da Educação. Sob as asas de Fernando Haddad, o pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo, virou Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e ganhou um orçamento de R$ 1 bilhão para capacitar 8 milhões de pessoas no país. Enquanto isso, o programa do Ministério do Trabalho ficou com menos de R$ 400 milhões.
Diárias Nesta sexta-feira, o ministro até tentou criar uma agenda positiva que desviasse o ministério do tema da corrupção, convocando coletiva para falar sobre emprego. Na entrevista ele adotou a estratégia de não responder a nenhuma questão sobre as denúncias de irregularidades. “Não vou falar sobre crise, eu tenho que trabalhar”, afirmou, pouco depois de a assessoria do Ministério do Trabalho ter divulgado que ele devolveria R$ 1.736,90 recebidos por diárias de viagem ao Maranhão em 2009 – em que mesclou agenda ministerial com partidária –, até que a Controladoria Geral da União analise se o pagamento foi legal.
O azar de Lupi, entretanto, foram os resultados negativos do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged) . No governo, há quem diga que, se Dilma decidir que o Ministério do Trabalho deverá usar a criatividade em busca de soluções para alavancar a criação de empregos, ela deverá buscar um economista para o lugar de Lupi. Por tudo isso, avaliam alguns com acesso ao Palácio, Lupi ganhou tempo para se defender. E, enquanto não arranhar a imagem do Planalto, vai ficando. (Com Erich Decat)
Quebra de sigilo
A pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha determinou ontem a quebra dos sigilos fiscal e bancário do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do ex-ministro do Esporte Orlando Silva (PcdoB). O período determinado para as investigações compreende de 1º junho de 2005 a 31 de dezembro de 2010. A decisão tem como base inquérito que investiga supostos desvios de recursos públicos do principal programa do Ministério do Esporte, o Segundo Tempo, criado para atender crianças e adolescentes carentes. Agnelo comandou a pasta entre 2003 e 2006, período no qual era filiado ao PCdoB. Depois, Orlando Silva assumiu o ministério e ficou no posto até 26 de outubro, quando pediu demissão após ser alvo de uma série de denúncias.