Maria do Carmo ganha fôlego para concorrer à reeleição no ano que vem, naquela que promete ser uma nova e das mais acirradas disputas no estado com o grupo antagônico na cidade, o PSDB. Diferentemente de Belo Horizonte, em Betim o PT está coeso, a aliança com o PDT consolidada, o apoio dos socialistas garantido, assim como o PCdoB e outras legendas da base de sustentação. Evitando a polêmica no PT de Belo Horizonte, que discute se deve ou não reeditar a aliança com o PSB na sucessão do ano que vem, a prefeita defende a reorganização do partido na capital, para que possa aspirar a conquistar um dia o governo do estado. “Vai chegar o momento em que o PT vai governar Minas, um estado importante. Nós queremos governar Minas. Mas isso passa por reorganizar Belo Horizonte. É reorganizar as forças, no movimento popular, no movimento sindical, eleger vereadores, enfim, voltar a fazer política e potencializar o partido”, afirma.
Passados quase três anos de sua posse, que avaliação faz de sua gestão à frente da Prefeitura de Betim?
Quando tomei posse recebi um governo desorganizado, sem balanço patrimonial, sem sede, uma administração parada no tempo, sob a perspectiva da gestão e da modernização administrativa. Para ter uma ideia, a informatização dos procedimentos da prefeitura, os equipamentos eram da época que eu informatizei no mandato que exerci, de 1993 a 1996. Na saúde, encontramos a rede que construímos em nosso governo sucateada. Na educação, não houve investimentos. A Guarda Municipal não tinha qualquer estrutura. Em meio a tudo isso, herdamos R$ 25 milhões em dívidas, que não foram empenhadas e para as quais não havia dinheiro para saldar. Estamos fazendo avenidas sanitárias, parques ecológicos, atraímos a iniciativa privada para investimentos que somam quase R$ 1 bilhão em novos distritos industriais, enfim, em três anos fizemos mais por Betim do que o PSDB em oito anos de governo.
Segundo maior movimento econômico entre as cidades mineiras, Betim tem nos repasses constitucionais do ICMS a sua principal fonte de receita. A crise internacional afetou a arrecadação do ICMS no estado. Isso impactou a receita de Betim?
Demais. Nós hoje estamos governando com a mesma receita de 2008, que é uma receita boa, embora as demandas da população sejam muito grandes. Veja que cerca de 60% dos moradores ganham até dois salários mínimos. Betim tem uma população que precisa de muitas políticas de inclusão social. E, sempre que ampliamos os serviços, o custeio aumenta. Por exemplo, criamos o Programa Escola da Gente em tempo integral. São 10,1 mil alunos que têm coral e várias atividades esportivas. O desempenho em sala de aula desses alunos está melhorando. Ao mesmo tempo, estamos cercando a violência. Quando assumimos Betim era a primeira no índice de homicídios de jovens. Agora caímos para terceiro lugar. Estamos caindo. Por isso investimos nas crianças, no esporte, na cultura, atraímos cursos profissionalizantes. Há esse olhar. Mas, apesar de estarmos trabalhando com a mesma receita de 2008, corremos atrás. Buscamos investimentos públicos para a cidade em todas as áreas, que somam R$ 340 milhões.
Betim é um polo de desenvolvimento com o segundo maior orçamento no estado, de R$ 1,475 bilhão para o ano que vem. Mas, desses dados alentadores, a política na cidade sempre foi muito dura e violenta. Como será a disputa pela prefeitura no ano que vem?
Betim é muito importante, sob o ponto de vista da localização geográfica, sob o ponto de vista econômico. Os dois grupos políticos vão olhar para Betim. Mas nós temos um projeto para a cidade. Vamos disputar e debater esse projeto.
Como é o seu relacionamento com o governador Antonio Anastasia, do PSDB, legenda que é sua adversária na cidade?
É muito bom, institucional. Acabei de doar para o governo do estado um terreno para a construção de um batalhão da Polícia Militar aqui em Betim. Apresentamos projeto e obtive dois financiamentos do BDMG. Dentro do PAC da Mobilidade, do governo federal, estamos trabalhando em conjunto com o governo do estado e a Prefeitura de Contagem para a atualização do projeto de extensão do metrô do Eldorado a Betim. A relação é institucional e tenho procurado respeitar e ser respeitada pela importância de Betim. Agora, como prefeita, corro atrás para buscar verbas. O que é direito de nossa cidade queremos.
A presidente Dilma Rousseff (PT) participará de sua campanha no ano que vem?
Ainda não conversamos sobre isso. Mas com certeza ela acompanhará a disputa, como já acompanha o nosso governo de perto. Inclusive já a convidamos para a entrega de 2.390 apartamentos dentro do programa Minha casa, minha vida, para famílias com renda de até três salários mínimos.
Como avalia a situação do PT em Minas hoje?
O PT é um partido enraizado no estado. Minas é grande e o PT está em todas as regiões. Agora o PT, quando se divide em qualquer cidade, se enfraquece. Tivemos problema em Belo Horizonte, onde temos hoje um partido enfraquecido. Vem de uma construção que não foi a melhor. Vai chegar o momento em que o PT vai governar Minas, um estado importante. Nós queremos governar Minas. Mas isso passa por reorganizar Belo Horizonte. Não estou nem discutindo a disputa da prefeitura. É reorganizar as forças, no movimento popular, no movimento sindical, eleger vereadores, enfim, voltar a fazer política e potencializar o partido. E não ficar na política de acordos selados por poucas pessoas.