Jornal Estado de Minas

Prefeito de Campinas-SP teria mentido em depoimento

AgĂȘncia Estado
O ex-presidente da Sanasa, empresa de abastecimento de Campinas (SP), Luiz Castrillon de Aquino, disse nesta terça-feira, em depoimento à Comissão Processante da Câmara de Vereadores que apura suposto envolvimento do atual prefeito, Demétrio Vilagra (PT), em esquema de corrupção na autarquia, que o chefe do Executivo mentiu em seu depoimento aos vereadores, na última sexta-feira.
Vilagra disse na semana passada desconhecer o esquema desbaratado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo antes das denúncias e da repercussão na mídia. Aquino, que usou do benefício da delação premiada para entregar o caso ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), reafirmou que o petista e então vice-prefeito de Hélio de Oliveira Santos (PDT) foi seu sucessor no esquema, a partir de 2008. "Ele faltou com a verdade", disse Aquino à CP.

Segundo informou o ex-presidente da Sanasa, Vilagra não apenas tinha conhecimento do esquema como também passou a receber a propina que as empresas pagavam à autarquia. O ex-presidente da Sanasa disse ainda que Vilagra e o PT tinham conhecimento de fitas com conversas com lobistas, gravadas desde 2005, e que o material chegou até a Brasília.

Aquino negou versão dada por Demétrio Vilagra na sexta-feira. O prefeito disse que o ex-presidente da Sanasa o procurou para pedir uma conversa com dr. Hélio. Aquino disse que a ligação foi feita por Vilagra, no dia 24 de junho. Aquino contou à CP que Vilagra teria dito a ele, em um telefonema, que esteve "na terrinha (Corumbá-MS) e trouxe peixe frito" para ambos. Peixe frito seria uma referência ao dinheiro de um empréstimo da ex-primeira dama Rosely Nassim dos Santos de Aquino. Rosely foi apontada pelo Ministério Público como chefe da suposta quadrilha.

Tanto ela quanto Demétrio Vilagra e outras cinco pessoas, ex-funcionários da prefeitura em cargos de confiança e empresários, foram acusados formalmente pelo Gaeco à Justiça pelos crimes de formação de quadrilha, desvio de recursos públicos e fraude em licitações. Vilagra teve por duas vezes a prisão decretada e em uma delas chegou a ser detido. As prisões foram revogadas.

O advogado de defesa do prefeito Demétrio Vilagra, Hélio Silveira, chegou a perguntar durante os trabalhos da CP hoje se Aquino alguma vez entregou dinheiro ao petista. Aquino respondeu que não e disse que teria sido o contrário: Demétrio Vilagra teria dado dinheiro a ele, do empréstimo da primeira-dama. A Comissão Processante deve ouvir outras testemunhas na próxima sexta-feira, 25, e após conclusão de seu relatório poderá indicar o impeachment do prefeito Demétrio Vilagra, que assumiu a prefeitura em 23 de agosto no lugar de Hélio de Oliveira Santos, cassado pela Câmara.