O empresário Nelson Rigotto, acusado de ter pago propina aos vereadores para conseguir aprovar o projeto do Boulevard Shopping, se defende, alegando que foi extorquido. Ele confirma que pagou metade do combinado (R$ 160 mil), mas que depois da denúncia do vereador Sérgio Balbino (PRP) não concluiu o acordo e revelou todo o esquema ao Ministério Público. Procurado pela reportagem Rigotto não quis dar entrevista e pediu que procurasse seu advogado. “Ele foi extorquido. Existia um projeto que era lícito, legal, encaminhado pelo Executivo e que deveria tramitar normalmente, mas ele foi procurado pelos vereadores, que disseram que, se não pagasse, o projeto não passaria”, explica o advogado Marcelo Leonardo. O pedido inicial dos vereadores era de R$ 2 milhões para a aprovação do projeto. Durante as negociações o valor foi reduzido e o acerto ficou em R$ 320 mil.

O empreendimento do Boulevard Shopping foi feito pela empresa de Rigotto, a NRG. A empresa também atua na implantação do Condomínio Ville des Lacs, em Nova Lima, e na construção do Condomínio Serra Morena, em Jaboticatubas, além de empreendimentos no setor agropecuário.

O empresário conquistou grandes rendimentos quando fundou as empresas Upsi Informática, UpsiCard e CSU CardSystem Upsi, que, no fim da década de 1980, atuavam no processamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e depois passaram a prestar serviços ligados ao processamento de cartões de crédito, sendo uma das maiores do ramo no Brasil.

Rigotto organizou uma exposição de carros antigos no Boulevard Shopping, chamada de Clássico sobre Rodas. Exibiu 46 carros e seis motos de sua coleção, uma das maiores do Brasil. Entre os modelos estava um Benz Patent Wagen, de 1886, o primeiro carro patenteado do mundo. Além da relíquia estavam diversos modelos clássicos da Mercedes-Benz, Jaguar, Rolls Royce, Alfa Romeo, BMW, Cadillac, Corvete e Porsche. A coleção de Rigotto é mantida em uma galpão no Bairro Floresta, na Região Leste da capital.

Fim de carreira

O vereador de Belo Horizonte Gêra Ornelas anunciou nessa quinta-feira que desistiu da carreira política depois de se eleger por quatro legislaturas consecutivas pelo PSB. Ornelas está sendo investigado por quebra de decoro parlamentar depois da divulgação de um vídeo no qual aparece em seu gabinete na Câmara Municipal, supostamente de cueca e acariciando os cabelos de uma mulher. A decisão de abandonar a política foi anunciada junto com seu desligamento do seu partido. “Agora estou joia. Desde que isso aconteceu estava andando num sufoco, com muita angústia e tristeza. Nunca fui apegado à Câmara e nunca gostei de política. Vou continuar apenas com meu trabalho de assistência a creches, igrejas e associações como sempre fiz”, desabafa. “Há quatro anos eu vinha sendo ameaçado por um funcionário que teve acesso ao vídeo e, quando decidi parar de ceder às chantagens dele, o material foi entregue à imprensa e ao MP”, explicou. O vereador garante que não estava de cueca e sim de bermuda, a mesma usada há 15 anos no dia do nascimento de sua filha. De acordo com as investigações, o vídeo foi feito pelo próprio parlamentar.