Os dois já haviam aberto em Cuiabá investigações em torno do projeto do governo de Mato Grosso que aumentou em R$ 700 milhões o custo das obras de transporte público. Cada um na sua esfera, estadual e federal, apura os motivos que levaram o governo local a trocar a proposta original, uma linha rápida de ônibus (BRT), estimada em R$ 489 milhões, pela construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), orçada em R$ 1,2 bilhão.
Agora, o procurador e o promotor pretendem atuar em conjunto para apurar, dentro da investigação já existente no MPF, a fraude do Ministério das Cidades que beneficiou o projeto bilionário. "A informação noticiada hoje (ontem) é extremamente relevante porque mostra que a alteração foi feita de forma fraudulenta. E se for isso mesmo, vamos utilizar essa informação para questionar essa escolha", disse Thiago Lemos.
O jornal revelou ontem que a equipe do ministro das Cidades, Mário Negromonte, operou para fraudar documentos e aprovar o novo projeto de Cuiabá, uma das cidades-sede da Copa. O novo projeto de Cuiabá foi acertado pelo governo de Mato Grosso com o Palácio do Planalto. A estratégia para cumpri-lo foi inserir no processo documento a favor da proposta de R$ 1,2 bilhão. Numa tentativa de esconder a manobra, o "parecer técnico" favorável ficou com o mesmo número de páginas de um parecer contrário e a mesma numeração oficial, e foi inserido a partir da folha 139 do processo, a página em que começava a primeira análise.
A denúncia fragilizou mais a situação do ministro Mário e poderá acelerar a sua saída da pasta. Negromonte não conta com o apoio da maioria do partido, o PP, e sua substituição é dada como certa na reforma ministerial .