Jornal Estado de Minas

Além de Cuiabá, fraude de obra da Copa em Brasília está na mira do MPF

Brasília – Além do Ministério Público de Mato Grosso, o Ministério Público Federal em Brasília também decidiu investigar a fraude no Ministério das Cidades para garantir mudanças no projeto de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá (MT). A investigação foi aberta pelo procurador da República Paulo Roberto Galvão, integrante do Grupo de Trabalho do MP que acompanha a Copa do Mundo de 2014. Além da ação do MPF de Brasília, mais cedo, foi desencadeada uma força-tarefa do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual de Mato Grosso para apurar o caso.
A decisão foi tomada na manhã pelo procurador da República Thiago Lemos e pelo promotor estadual Clóvis de Almeida Júnior, depois de denúncia feita ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo. "Vamos investigar a responsabidade das pessoas, improbidade, possíveis crimes de responsabilidade, inclusive crimes comuns, como subtração de documentos", disse o procurador Thiago Lemos.

Os dois já haviam aberto em Cuiabá investigações em torno do projeto do governo de Mato Grosso que aumentou em R$ 700 milhões o custo das obras de transporte público. Cada um na sua esfera, estadual e federal, apura os motivos que levaram o governo local a trocar a proposta original, uma linha rápida de ônibus (BRT), estimada em R$ 489 milhões, pela construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), orçada em R$ 1,2 bilhão.

Agora, o procurador e o promotor pretendem atuar em conjunto para apurar, dentro da investigação já existente no MPF, a fraude do Ministério das Cidades que beneficiou o projeto bilionário. "A informação noticiada hoje (ontem) é extremamente relevante porque mostra que a alteração foi feita de forma fraudulenta. E se for isso mesmo, vamos utilizar essa informação para questionar essa escolha", disse Thiago Lemos.

O jornal revelou ontem que a equipe do ministro das Cidades, Mário Negromonte, operou para fraudar documentos e aprovar o novo projeto de Cuiabá, uma das cidades-sede da Copa. O novo projeto de Cuiabá foi acertado pelo governo de Mato Grosso com o Palácio do Planalto. A estratégia para cumpri-lo foi inserir no processo documento a favor da proposta de R$ 1,2 bilhão. Numa tentativa de esconder a manobra, o "parecer técnico" favorável ficou com o mesmo número de páginas de um parecer contrário e a mesma numeração oficial, e foi inserido a partir da folha 139 do processo, a página em que começava a primeira análise.

A denúncia fragilizou mais a situação do ministro Mário e poderá acelerar a sua saída da pasta. Negromonte não conta com o apoio da maioria do partido, o PP, e sua substituição é dada como certa na reforma ministerial .