Grande empresário do ramo da mineração, o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) explora jazidas de granito por meio de duas empresas nos municípios de Machadinho d’Oeste, Rondolândia e Rio Crespo, em Rondônia. As concessões também dão direito à exploração de ouro. O senador afirma que as licenças foram dadas antes de ele ser eleito. Também em Rondônia, João Raupp, irmão do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), ganhou o direito de pesquisar e extrair diamante de jazidas. O senador afirma que a concessão é antiga, que o irmão não chegou a extrair minerais e a família não atua no ramo. Na bancada mineradora do Senado também está Blairo Maggi (PR-MT). A Maggi Energia tem processos no DNPM para extração de areia, argila e cascalho. A assessoria do parlamentar informa que "o material é utilizado em obras da companhia, como pequenas centrais hidrelétricas."
A seara do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) na mineração é a extração de areia e de água mineral. De acordo com registros da Junta Comercial de São Paulo, o parlamentar mantém vínculos societários com duas empresas que ganharam licença do DNPM para pesquisar e extrair recursos do subsolo, a JCO Mineração e a Dona Emília Mineração. Já o vice-presidente da área de mineração da Frente Parlamentar de Infraestrutura, deputado Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG), solicitou, por meio de uma empresa de agropecuária, a 2V, licença para pesquisar jazida de quartzo junto ao DNPM de Minas Gerais. O parlamentar, no entanto, afirma que não encontrou o mineral e encerrou as atividades. "A empresa pediu autorização de pesquisa em áreas que estão em região de fazenda e deu negativo. Não explorei."
Pressão
Para sanar as pressões dos parlamentares que reclamavam da demora na análise de seus processos, o DNPM destacou três funcionários, ligados à diretoria comandada por Sérgio Dâmaso, para coordenar os pedidos de pesquisa e lavra de deputados e senadores. Vindos das superintendências de Santa Catarina, Pernambuco e Rio Grande do Sul, os três funcionários já consumiram R$ 32 mil em diárias em viagens para Brasília com o objetivo de analisar processos de interesse exclusivo dos parlamentares.
Em resposta ao Estado de Minas, a assessoria do DNPM afirmou que "a sequência cronológica dos processos é o primeiro critério a ser observado" para a análise dos pedidos e "o interesse público e a política de governo complementam esse critério." Questionada sobre a influência política de deputados e senadores no trâmite dos processos de outorga e pesquisa e o número de empresas de políticos atendidas, a assessoria do departamento admite que os parlamentares fazem lobby por outras firmas. "Podemos afirmar que suas solicitações (dos parlamentares) são de terceiros, que recorrem a eles (deputados) devido ao grande contencioso de processos que recebemos de todo o Brasil diariamente."