E a culpa, segundo o secretário-executivo da controladoria, é dos códigos Civil e Penal. “São tantos recursos possíveis que, ao final, ou a pessoa envolvida no escândalo já morreu ou já não tem nada em seu nome que possa ser revertido em dinheiro para os cofres públicos”, argumenta. À CGU, lembra Navarro, cabem apenas punições administrativas, como a demissão.
Desde 2003, 3,5 mil servidores públicos federais foram mandados embora por corrupção. Os principais motivos das dispensas são uso do cargo em benefício próprio ou de outros e recebimento de propina. A controladoria mantém uma lista de servidores sob investigação. Navarro diz não ter o número exato dos funcionários incluídos na relação, mas que o total chegaria a “centenas”.
O secretário-executivo da CGU afirma ser uma tarefa de longo prazo acabar com a corrupção no Brasil. “Ninguém pode imaginar que num país com as dimensões do nosso o problema será resolvido no atacado. Há muito o que fazer e precisamos de disciplina e método”, aponta. Para ele, modificações no sistema eleitoral seriam um dos caminhos a ser adotado. “A promiscuidade entre financiamento de campanha e corrupção é enorme”, diz
Armas Para combater o que, ao menos aparentemente, não tem relação com corrupção, mas afeta os cofres públicos, a CGU faz um ranqueamento nos ministérios e secretarias do governo federal apontando os mais gastadores com, por exemplo, passagem aérea. No estudo da controladoria, apurou-se que o valor médio da passagem Brasília–Rio de Janeiro é R$ 309. O preço, no entanto, pode oscilar conforme a data e o dia em que o bilhete foi adquirido. Quanto antes, mais barato o trecho. Segundo Navarro, que esteve em Belo Horizonte para participar de um encontro sobre combate à corrupção, a pressão para não aparecer entre os mais gastadores faz com que haja melhor planejamento das compras.