Os registros do TCM de Goiás fornecidos pela Prefeitura de Cidade Ocidental mostram que a empresa Contemporânea Comércio e Serviços recebeu dois repasses diretos para a execução do Projovem: um de R$ 25,5 mil, para o “fornecimento de 750 kits estudantis”, e outro de R$ 14,6 mil, para a “sonorização, locação de salão, palco, cerimonial e buffet”. A Contemporânea, conforme o cadastro na Receita Federal, está sediada em Valparaíso (GO), também no Entorno. O Correio esteve no endereço e encontrou apenas uma residência, sem a indicação de que ali funcionava uma empresa e sem ninguém para atender a reportagem. A contratação da Contemporânea foi feita por dispensa de licitação. A modalidade usada pela prefeitura foi a carta-convite.
A outra empresa suspeita é a Automatec Tecnologia e Serviços, contratada com recursos do Projovem para fornecer “jornal, cartaz, banner, carro de som e filipetas” para a divulgação do programa na cidade. O repasse foi de R$ 20 mil, conforme os registros do TCM. A Automatec também está sediada em Valparaíso e é uma loja de venda de peças para motos. A Junta Comercial de Goiás (Juceg) aponta que a Contemporânea e a Automatec pertenceriam a uma família — que, segundo vereadores de Cidade Ocidental, seria laranja de Edinaldo Morais Parrião, ex-secretário de Finanças do Município. Parrião foi o principal doador da campanha do prefeito Alex José Batista (ex-PR, hoje no PSD), em 2008.
“Saí da prefeitura em 2010, não estou neste processo”, disse Parrião ao Correio. Ele desligou o telefone quando questionado se as empresas financiadas com dinheiro do Projovem pertencem a ele. O prefeito Alex José não soube responder por que a prefeitura contratou uma empresa fantasma e outra de acessórios motociclísticos para a qualificação dos jovens. “Prestei contas ao TCM na maior boa-fé”, afirmou.