Jornal Estado de Minas

Justiça do Trabalho paralisa atividades nesta quarta em todo o país

Juízes do Trabalho paralisam as atividades por 24 horas nesta quarta-feira, no Brasil, para reivindicar o cumprimento da recomposição da política remuneratória e melhores condições de segurança durante o expediente. Em Belo Horizonte, segundo a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 3ª Região (Amatra), a adesão é de 70% da classe. Das 137 varas do trabalho em Minas Gerais, até essa terça-feira, 97 confirmaram a paralisação de hoje, sendo 31 dessas na capital. "A gente entende a dificuldade de penúria do cidadão, mas chegamos a tal ponto de impasse que resolvemos assumir nossa condição", afirma o presidente da Amatra, João Bosco de Barcelos Coura. Para ele, as perdas acentuadas de 22% no salário, desde 2006, afetam negativamente o trabalho do juiz e atingem o atendimento à população. "O juiz se sente diminuído em relação a outros Poderes, sem prestígio, e acaba deixando isso transparecer no trabalho que ele desempenha, levando a insatisfação e o grande perigo para a democracia", acrescenta Coura.
Os magistrados trabalhistas recebem por subsídio - valor único, que elimina benefícios extras - desde 2006 e desde essa época, ainda de acordo com a Amatra, tiveram perda de 30% no poder de compra e apenas um reajuste para corrigir a inflação, de 9%, pago de forma parcelada. No Supremo Tribunal Federal (STF), a Suprema Corte do Poder Judiciário, há uma ação que pede que o próprio STF fixe o reajuste, porém o texto não foi julgado nem apreciado pelos ministros até o momento. "Existe uma má vontade evidente por parte do Executivo e do Legislativo na esfera federal de votar projetos que interessem ao Judiciário, especialmente nessa questão remuneratória", critica o presidente da associação Amatra.

A estimativa da Amatra é que 1.100 audiências agendadas para acontecer hoje deixarão de acontecer, após adiamento das mesmas para outras datas. A nível nacional, a mobilização inclui juízes vinculados à Associação de Juízes Federais (Ajufe) e conta com a organização da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra). "Pedimos a compreensão da população, mas teremos que parar por um dia para defender nossos direitos. Os juízes, que são o último recurso do cidadão, devem dar exemplo de defesa da nossa Constituição", destaca o presidente da Anamatra, Renato Sant'Anna.