Embora na cúpula do PT prevaleça a tendência de apoio à reedição da aliança com o prefeito Marcio Lacerda (PSB) à sucessão da Prefeitura de Belo Horizonte, independentemente de o PSDB estar formalmente coligado, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, adotou nessa quinta-feira em Belo Horizonte, durante encontro da executiva nacional, um comportamento geralmente atribuído aos tucanos: ficou em cima do muro. Evitando se posicionar, declarou que o PT participa hoje do governo municipal e não há intenção de deixá-lo, o que sugere apoio à reeleição de Lacerda. Ao mesmo tempo, atribuiu ao diretório municipal da legenda, presidido pelo vice-prefeito Roberto Carvalho (PT), a competência para conduzir a política de alianças na capital. “É uma tendência (apoiar Lacerda). Mas se essa tendência vai se materializar é decisão do diretório municipal”, afirmou Rui Falcão. Nessa quinta-feira à noite ele jantou com Roberto Carvalho. Hoje pela manhã, tomará café com Marcio Lacerda.
Na comissão executiva nacional, entretanto, o sentimento prevalente é de que em Belo Horizonte o PT deve apoiar os socialistas, até porque em capitais como Recife e Fortaleza, em que a legenda está à frente das prefeituras e o PSB no governo dos estados, há expectativa de apoio à reeleição dos prefeitos petistas. “O mesmo comportamento que tivemos nas eleições de Ciro Gomes e de Eduardo Campos, de apoio ao PSB, esperamos deles agora nas disputas das capitais desses estados”, sustentou nessa quinta-feira o secretário nacional de comunicação do PT, André Vargas. Na avaliação dele, em Belo Horizonte o apoio do PSDB não será empecilho para que o PT indique o vice na chapa de Marcio Lacerda.
Em seu périplo para apaziguar os ânimos em Belo Horizonte, Rui Falcão pedirá hoje a Lacerda que procure ampliar o leque de alianças incluindo legendas como o PMDB, que está na base do governo Dilma. Na prática, trata-se de um pedido que apenas cumpre a tabela. O PMDB é adversário político de Lacerda e tem em suas fileiras o potencial opositor, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), o mesmo que polarizou as eleições de 2008 com o socialista. Reunido hoje, o diretório nacional irá tirar, entre as resoluções, a data limite de 30 de março para que os diretórios municipais definam as coligações e 30 de abril para que indiquem os seus candidatos, caso o encaminhamento seja pela candidatura própria.
Depois de passar para cumprimentar os membros da executiva nacional do PT, Roberto Carvalho voltou a reiterar que está convicto de que a condução do processo eleitoral em Belo Horizonte caberá exclusivamente ao diretório municipal. O PT de Belo Horizonte aprovou resolução muito mais rígida que a nacional, em que proíbe qualquer aliança com o PSDB, o DEM e o PPS.