Jornal Estado de Minas

Sob pressão, Lupi anuncia saída do Ministério do Trabalho

- Foto: Wilson Dias/ABr Brasilia

Desgastado com denúncias de irregularidades na pasta, o Ministro do Trabalho Carlos Lupi decidiu deixar o cargo neste domingo. Em nota oficial, ele alegou que estava sofrendo perseguição política e pessoal da mídia e que não teve direito de defesa. "Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do Governo", afirmou.

Lupi é o sétimo ministro a sair do governo de Dilma Rousseff este ano. Com a decisão de deixar o cargo, ele encerra uma trajetória iniciada em 2007. A partir de segunda-feira, o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto, fica interinamente no cargo.

Antes do ministro do Trabalho, deixaram os cargos Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Pedro Novais (Turismo), Wagner Rossi (Agricultura) e Orlando Silva (Esportes).

Carlos Lupi é suspeito de se beneficiar de um suposto esquema de propina envolvendo organizações não governamentais (ONGs) conveniadas com o Ministério do Trabalho. Na semana passada, a situação ficou ainda mais complicada depois que a imprensa divulgou que Lupi ocupou, simultaneamente, dois cargos públicos de assessor parlamentar.

Antes de viajar para a Venezuela, na semana passada, Dilma já havia avisado que Lupi precisaria dar justificativas convincentes para as novas denúncias de acúmulo de salários na Câmara dos Deputados e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Por volta das 21h deste domingo, a Presidência da República divulgou a confirmação da saída de Lupi. Em nota à imprensa, a presidente Dilma Roussef "agradece a colaboração, o empenho e a dedicação do ministro Lupi ao longo de seu governo e tem certeza de que ele continuará dando sua contribuição ao país".

 

Veja a nota oficial sobre a saída de Carlos Lupi:

Tendo em vista a perseguição política e pessoal da mídia que venho sofrendo há dois meses sem direito de defesa e sem provas; levando em conta a divulgação do parecer da Comissão de Ética da Presidência da República – que também me condenou sumariamente com base neste mesmo noticiário sem me dar direito de defesa -- decidi pedir demissão do cargo que ocupo, em caráter irrevogável.

Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do Governo.

Foram praticamente cinco anos à frente do Ministério do Trabalho, milhões de empregos gerados, reconhecimento legal das centrais sindicais, qualificação de milhões de trabalhadores e regulamentação do ponto eletrônico para proteger o bom trabalhador e o bom empregador, entre outras realizações.

Saio com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence.

Carlos Lupi
Ministro do Trabalho e Emprego