Brasília - A saída do ministro do Trabalho, Calos Lupi, do governo, anunciada nesse domingo, já é uma “página virada” para os líderes do governo no Senado e no Congresso. O líder no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) admitiu que o ministro perdeu o amparo político para se manter no cargo. “O ministro Lupi perdeu a condição política de se manter no ministério, entregou o cargo e a presidenta aceitou. Acho que esse é um processo que está encerrado, é uma página virada, agora assume o interino do Ministério do Trabalho aguardando uma posição da presidenta da República”, declarou hoje Jucá.
Ele procurou minimizar a saída de sete ministros do governo Dilma em menos de um ano. Na opinião do líder no Senado, isso é sinal da transparência do governo. “Na hora que surge algum dado a presidente manda esclarecer, manda investigar. Se houver algum tipo de desconforto dos ministros, os ministros pedem para sair e a presidente aceita. Portanto, o governo é transparente”, disse Jucá.
O líder do governo no Congresso Nacional, senador José Pimentel (PT-CE), também evitou comentar as denúncias que envolveram Lupi e as alegações dele de que foi retirado do cargo por acusações infundadas promovidas por uma campanha midiática. “Eu sou um daqueles que aprendi que quando uma pessoa deixa um cargo o nosso olhar deve ser para frente”, disse o senador.
Já para o líder do principal partido de oposição, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a presidenta demorou a demitir Lupi e, com isso, prejudicou a imagem do governo. Na avaliação do líder tucano, Dilma perdeu tempo defendendo o ministro, em vez de afastá-lo.
“Na verdade não houve providência do governo, não houve reação do tamanho do escândalo. Ele não suportou a pressão das denúncias e pediu para ir embora. A presidenta mais uma vez se comportou como advogada de defesa dos ministros denunciados. Foi assim desde a primeira vez, desde o [Antonio] Palocci”, acusou Dias.
Lupi entregou a carta de demissão à Dilma ontem, após enfrentar denúncias constantes na imprensa. A primeira delas envolvia seus assessores mais próximos e tratavam de cobrança de propina dentro da pasta comandada pelo PDT – partido do ministro. Depois disso, o próprio Lupi foi acusado de receber diárias do ministério indevidamente e de viajar no avião particular do dirigente de uma organização não governamental que posteriormente teve contratos com o Ministério do Trabalho. Na semana passada, foi acusado de receber da Câmara dos Deputados sem comparecer ao Congresso Nacional e, por fim, a Comissão de Ética da Presidência da República aconselhou a presidenta a demiti-lo.