O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, se reuniu no início da tarde desta quinta-feira, por cerca de dez minutos, com a presidente Dilma Rousseff, para apresentar mais explicações sobre as novas denúncias surgidas na imprensa. A presidente não quer que acusações fiquem sem resposta. Pimentel, pela primeira vez, apresentava-se abatido com o fato de continuar a ser atacado e ter de continuar a se defender. O crescente desgaste de Pimentel já preocupa o Palácio do Planalto, mas auxiliares de Dilma insistem em dizer que ele continua desfrutando da confiança da presidente.
Apesar de o bombardeio continuar e os problemas se somarem, interlocutores da presidente Dilma tentam minimizar os fatos e justificar que "ele está trabalhando normalmente" e que "a vida segue". Apresentam como justificativa disto, por exemplo, o fato de o ministro ter participado de reuniões durante toda a tarde no Planalto, em agendas previamente marcadas com Dilma. Informam que, primeiro, ele participou de audiência com Dilma, ao lado do presidente do BNDES e, depois, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, quando discutiram problemas de comércio com a Argentina, levantados pela presidente Cristina Kirchner, durante encontro bilateral na semana passada, em Caracas.
Para poder manter a conversa reservada com Pimentel, no entanto, Dilma avisou ao ministro para chegar mais cedo ao Planalto, pouco antes da audiência com o BNDES marcada para as 15 horas, para que eles pudessem conversar a sós. A persistência da imprensa em publicar novas matérias envolvendo Pimentel aumentou o nível de tensão no Palácio do Planalto. Isso não significa, no entanto, que o Pimentel esteja com o pé fora do governo. A intimidade que ele desfruta com a presidente tem lhe favorecido, inclusive facilitado a apresentação de explicações. Mas o bombardeio e o abatimento que o ministro começa a apresentar são indicadores de que alguma coisa poderá começar a mudar. Neste momento, no entanto, não há qualquer indício da saída do ministro do governo, embora o próprio Pimentel já tenha afirmado que "tudo tem limite".
Pimentel iria hoje para a Argentina. Mas, por causa das reuniões convocadas pela presidente, adiou a viagem para às 7h30 da manhã de sexta-feira. O seu retorno, no entanto, não será com a presidente Dilma. Pimentel, que tem integrado praticamente todas as viagens da presidente ao exterior, não se juntará à comitiva de Dilma na Argentina, regressando ao Brasil, na própria sexta-feira, no final do dia.