O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, se reuniu no início da tarde desta quinta-feira, por cerca de dez minutos, com a presidente Dilma Rousseff, para apresentar mais explicações sobre as novas denúncias surgidas na imprensa. A presidente não quer que acusações fiquem sem resposta. Pimentel, pela primeira vez, apresentava-se abatido com o fato de continuar a ser atacado e ter de continuar a se defender. O crescente desgaste de Pimentel já preocupa o Palácio do Planalto, mas auxiliares de Dilma insistem em dizer que ele continua desfrutando da confiança da presidente.
Hoje Pimentel informou ao Planalto que conseguiu localizar o primeiro dono da empresa ETA Bebidas do Nordeste, que produz o refresco de guaraná Guaraeta, que fica em Paulista, Região Metropolitana de Recife, com quem havia tratado o serviço de consultoria. O antigo dono havia se mudado para os Estados Unidos e o novo proprietário, para quem a empresa foi vendida, não tinha conhecimento do contrato assinado anteriormente entre Pimentel e a empresa, para elaborar um estudo de mercado. Pimentel informou ainda que o antigo dono poderia ser contatado e confirmaria não só a prestação do serviço como o pagamento de R$ 130 mil.
Para poder manter a conversa reservada com Pimentel, no entanto, Dilma avisou ao ministro para chegar mais cedo ao Planalto, pouco antes da audiência com o BNDES marcada para as 15 horas, para que eles pudessem conversar a sós. A persistência da imprensa em publicar novas matérias envolvendo Pimentel aumentou o nível de tensão no Palácio do Planalto. Isso não significa, no entanto, que o Pimentel esteja com o pé fora do governo. A intimidade que ele desfruta com a presidente tem lhe favorecido, inclusive facilitado a apresentação de explicações. Mas o bombardeio e o abatimento que o ministro começa a apresentar são indicadores de que alguma coisa poderá começar a mudar. Neste momento, no entanto, não há qualquer indício da saída do ministro do governo, embora o próprio Pimentel já tenha afirmado que "tudo tem limite".
Pimentel iria hoje para a Argentina. Mas, por causa das reuniões convocadas pela presidente, adiou a viagem para às 7h30 da manhã de sexta-feira. O seu retorno, no entanto, não será com a presidente Dilma. Pimentel, que tem integrado praticamente todas as viagens da presidente ao exterior, não se juntará à comitiva de Dilma na Argentina, regressando ao Brasil, na própria sexta-feira, no final do dia.