O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou ontem não “estar seguro” quanto às alterações propostas pelo relator da Lei Geral da Copa, deputado Vicente Cândido (PT-SP). Entre as mudanças, estão a permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios, o estabelecimento de uma cota de ingressos com preço reduzido para atender todos os tipos de desconto praticados no Brasil, para idosos, estudantes e beneficiários de programas de distribuição de renda, e a possibilidade de fazer uso de aeroportos militares para voos civis em caso de necessidade durante a Copa. “Não tenho segurança de que o texto atual é o melhor possível. Tenho conversado com ministros, deputados e há opiniões divergentes. A Câmara tenta contemplar todos os setores, mas é difícil”, afirmou Aldo.
O ministro do Esporte é o segundo integrante do governo a questionar o texto que tramita na Comissão Especial – a previsão é de que a proposta seja votada na terça-feira e no plenário ainda nesta semana, antes do recesso parlamentar marcado para o dia 20. Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que era contrário à permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios, como defendem a Fifa e o relatório de Cândido.
Aldo não tem certeza se a presidente Dilma sancionará a lei geral sem vetos caso as mudanças sejam mantidas. O Palácio do Planalto já demonstrou contrariedade com a venda de bebidas nos estádios, já que o Estatuto do Torcedor proíbe essa comercialização. Parlamentares da Comissão Especial sobre o Consumo de Bebidas Alcoólicas preparam um movimento de protesto contra a proposta do relator e planejam levar faixas e cartazes ao plenário da Câmara para demonstrar sua contrariedade.
O governo brasileiro e a Fifa estão em rota de colizão há pelo menos quatro meses. A entidade não apenas quer autorizar a venda de bebidas nos estádios como defende que o produto seja unicamente dos patrocinadores do evento. O Estatuto do Torcedor proibiu a venda de bebidas como uma forma de coibir a violência durante as partidas de futebol.
Mas o relatório do parlamentar petista também contempla outras propostas. A Fifa estará obrigada a oferecer 10% dos ingressos a preços promocionais (cerca de 300 mil entradas), o chamado Grupo 4 de ingressos. O valor ainda não está definido, mas terá que ser igual ou inferior a 50% do preço do segundo ingresso mais barato da Copa (Grupo 3). De acordo com Cândido, o valor das entradas especiais não será superior a R$ 50.