O recorde de seis ministros demitidos por suposto envolvimento com malfeitos foi acompanhado por outro placar dilatado que expõe a corrupção governamental. Em tempos de faxina no setor público, a Polícia Federal (PF) prendeu este ano 83 policiais em dez operações de combate ao crime organizado realizadas em todos os Estados. O número de prisões é quase cinco vezes maior que em 2010, quando foram detidos 17 policiais em três operações.
Diante do elevado grau de corrupção entre agentes públicos, a PF decidiu intensificar em 2012 as ações repressivas voltadas para o setor policial e as carreiras de estado das áreas de fiscalização e controle. Novas operações com esse foco, segundo a reportagem apurou, estão programadas.
Os expurgos do setor público atingiram em cheio não só a PF, mas todas as carreiras típicas de estado, inclusive as que têm o dever cobrar dos outros o cumprimento da lei. De 2004 a 2011, a Controladoria Geral da União (CGU), órgão que faz o papel de xerife dos bons costumes no Poder Executivo, puniu malfeitos de 64 analistas e técnicos de finanças da própria equipe.
Os números chamaram a atenção das autoridades federais para a necessidade de fortalecimento das corregedorias de controle interno que, com raras exceções, funcionam precariamente e sem independência no setor público.