O Diretório Nacional do PT aprovou uma resolução política que ataca seu principal adversário, o PSDB, ao chamar o partido de "nau sem rumo". A classificação é uma referência direta à indefinição dos tucanos na escolha de um candidato para as eleições municipais de 2012 em São Paulo. A crítica ao PSDB foi debatida em uma reunião realizada em Belo Horizonte há 10 dias. Na reunião de hoje, em São Paulo, a cúpula do partido decidiu manter o trecho. O texto petista cita uma frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que disse ser "mais fácil falar do futuro do euro do que o do PSDB", em alusão à disputa interna pela candidatura à Prefeitura da capital paulista.
"(FHC) descreveu a nau sem rumo em que se converteu o principal partido da oposição conservadora do País. Se o Brasil ainda estivesse sob o jugo dos tucanos estaria arremetido no turbilhão da crise internacional, com milhões de desempregados e se veria face a novas privatizações e ameaças à soberania nacional", avalia a cúpula do PT. Em uma versão anterior, discutida em Belo Horizonte, FHC era chamado de "guru-mor", mas a expressão foi retirada da redação aprovada hoje.
A resolução política do PT indica que o partido pretende usar as eleições de 2012 para "sustentar e ampliar" o apoio a seu projeto nacional. A afirmação seria um contraponto à estratégia eleitoral de 2010, quando candidaturas próprias petistas foram prejudicadas em nome da aliança nacional pela eleição da presidente Dilma Rousseff.
A direção reconhece, no entanto, a necessidade de alianças. "As eleições serão também um momento de unidade programática com nossos aliados, compreendendo a necessidade de alianças que devem levar em conta a legítima aspiração de cada partido ao seu crescimento e a posição relativa de força de cada um na sociedade", afirma.
A disputa do ano que vem será "um momento de fortalecimento" do partido. O texto volta a destacar a necessidade de "unidade" da sigla, a exemplo dos acordos que evitaram a realização de prévias para a escolha de candidatos - como foi o caso de São Paulo. "Neste aspecto, por sinal, a definição de candidaturas em São Paulo e Porto Alegre atestam a disposição da militância de entender a unidade como um instrumento para chegar à vitória nas urnas", diz a resolução. O texto também descreve as consequências da crise financeira mundial, responsabiliza o neoliberalismo e defende o controle da economia pelos governos.