Os laranjas, conforme mostram os papéis, são o advogado Glauco Alves Santos e sua mulher, Juliana Roriz Suaiden Santos, servidora pública, de quem Agnelo comprou, em março de 2007, a mansão em que vive atualmente. O imóvel, no setor de Mansões Dom Bosco, um dos endereços mais caros de Brasília, foi registrado por R$ 400 mil, quando seu valor de mercado era avaliado em R$ 2 milhões à época.
A partir daí, o casal aparece como intermediário de sucessivas compras de bens por familiares de Agnelo, entre os quais franquias de uma rede fast food em três shoppings e a confeitaria Torteria Di Lorenza, uma das mais famosas da cidade. "Vejo aí crimes de corrupção, improbidade e lavagem de dinheiro" explicou o parlamentar, que é delegado federal licenciado.
Os documentos, segundo ele, comprometem ainda mais a situação do governador, que responde a inquérito criminal no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pode até ser afastado por corrupção de testemunhas e obstrução da Justiça, como ocorreu com seu antecessor, José Roberto Arruda, preso e cassado em 2010 na Operação Caixa de Pandora.
O inquérito, de número 761, está em análise no Ministério Público para oferecimento de denúncia. A seguir, será devolvido ao relator, ministro Cesar Asfor Rocha. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que vai pedir informações à Polícia Federal sobre a apuração do suposto enriquecimento ilícito de parentes de Agnelo, segundo noticiou a revista Isto É.
Autor no passado de um pedido de intervenção federal no DF, negado pelo STF, Gurgel disse que a medida teria impedido novos escândalos. "Eu continuo achando que perdemos uma belíssima oportunidade de evitar fatos como os que estão acontecendo agora aqui, mais uma vez. Eu continuo convencido de que ela (a intervenção) era necessária, com todo o respeito à decisão do Supremo", afirmou. O governador negou as acusações por meio de nota. "Trata-se de oportunismo da oposição vindo de um partido que, este sim, esteve envolvido em um dos maiores escândalos políticos ocorridos recentemente no DF, desvendados pela operação Caixa de Pandora", retrucou Agnelo.