Atos de ofício em poder do Ministério Público revelam que o governador do Distrito Federal (DF), Agnelo Queiroz (PT), quando diretor da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2007 a 2010, teria mantido relação promíscua com um casal de "laranjas". Segundo documentos recolhidos em cartórios, junta comercial e Serasa e divulgados hoje pelo deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), esse casal de laranjas transferiu bens - imóveis, empresas e franquias, num montante de cerca de R$ 10 milhões, para familiares de Agnelo, inclusive para a mãe, três irmãos e um cunhado do atual governador do DF.
Francischini reforçou o pedido de prisão do governador por obstrução da Justiça, além da quebra de sigilos bancário e fiscal e o bloqueio dos bens de Agnelo e de seus familiares. "Ele tem que vir a público provar de onde saiu o dinheiro para compra de todos esses bens", cobrou o deputado.
A partir daí, o casal aparece como intermediário de sucessivas compras de bens por familiares de Agnelo, entre os quais franquias de uma rede fast food em três shoppings e a confeitaria Torteria Di Lorenza, uma das mais famosas da cidade. "Vejo aí crimes de corrupção, improbidade e lavagem de dinheiro" explicou o parlamentar, que é delegado federal licenciado.
Os documentos, segundo ele, comprometem ainda mais a situação do governador, que responde a inquérito criminal no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pode até ser afastado por corrupção de testemunhas e obstrução da Justiça, como ocorreu com seu antecessor, José Roberto Arruda, preso e cassado em 2010 na Operação Caixa de Pandora.
O inquérito, de número 761, está em análise no Ministério Público para oferecimento de denúncia. A seguir, será devolvido ao relator, ministro Cesar Asfor Rocha. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que vai pedir informações à Polícia Federal sobre a apuração do suposto enriquecimento ilícito de parentes de Agnelo, segundo noticiou a revista Isto É.
Autor no passado de um pedido de intervenção federal no DF, negado pelo STF, Gurgel disse que a medida teria impedido novos escândalos. "Eu continuo achando que perdemos uma belíssima oportunidade de evitar fatos como os que estão acontecendo agora aqui, mais uma vez. Eu continuo convencido de que ela (a intervenção) era necessária, com todo o respeito à decisão do Supremo", afirmou. O governador negou as acusações por meio de nota. "Trata-se de oportunismo da oposição vindo de um partido que, este sim, esteve envolvido em um dos maiores escândalos políticos ocorridos recentemente no DF, desvendados pela operação Caixa de Pandora", retrucou Agnelo.