Reforma ministerial
Não haverá redução de pastas com a reforma ministerial que a presidente pretende fazer no início do ano. Ela chegou a ironizar as notícias que saem na imprensa sobre as mudanças. "Vocês vivem falando que vai ter reforma". Ela fez questão de descartar a possibilidade de serem extintas pastas que ela considera estratégicas, como as secretarias de Igualdade Social e de Políticas para as Mulheres.
"Não é isso que faz a diferença no governo. Cada ministério tem um determinado tipo de responsabilidade imensa. Quem não enxerga isso é porque não conhece o governo internamente", disse. Dilma ironizou ainda notícias de que ela privilegia encontro com alguns ministros, como Guido Mantega, da Fazenda, Fernando Haddad, da Educação e Alexandre Padilha, da Saúde. "Acho isso engraçadíssimo. São diferentes demandas", afirmou.
Reajuste do Judiciário
Dilma afirmou ainda que o aumento dos salários do Judiciário "é uma questão do Congresso". A presidente justificou, ainda, que o País ficaria fragilizado se tivesse uma política de gastos sem controle. Por isso, disse que "não é hora de dar reajuste a ninguém", em referência ao aumentos salariais do funcionalismo público. "Não coaduna com o momento. Ninguém é melhor do que ninguém", defendeu.
Questionada se o dinheiro para o reajuste não sairiam de uma mesma fonte do Tesouro Nacional e que o governo não teria como impedir que fosse concedido, a presidente evitou polemizar, falando que não faz análises sobre outros poderes. "Não compete a um presidente fazer isso", disse. Dilma ressalvou, no entanto "que não é crime pedir aumento salarial. É algo que as categorias podem pedir".
Crise e cenário econômico
O Brasil está em uma situação melhor para enfrentar a crise no atual momento "porque temos recursos próprios. Temos mais do antes", avaliou Dilma. A presidente informou que o Brasil aprendeu muito com a crise de 2009 e comentou críticas que o governo vem recebendo de que poderia enfrentar problemas no crédito. "Dizem que vamos ter problemas de crédito", disse a presidente, explicando, no entanto, que o Brasil tem usado crédito para enfrentar a crise.
"Passamos de R$ 400 bilhões para quase R$ 2 trilhões. Na verdade foram quase R$ 1,94 trilhão e nós não recorremos ao orçamento", disse a presidente, lembrando que o governo tem instrumentos com o alto volume de depósitos compulsórios. "Temos margem de manobra na política monetária", reagiu a presidente. "Temos capacidade de investimento, tanto do ponto de vista do governo, quanto da iniciativa privada", declarou.
Ao falar sobre cada um dos setores da economia, a presidente Dilma destacou o empreendedorismo do brasileiro e disse que o Brasil tem uma indústria. "Ela não foi sucateada", afirmou, lembrando que "algumas estão intactas e a outras apenas falta um elo. Outras empresas terão de progressivamente agregar valor". "Este governo tem uma política industrial", ressaltou.
A presidente acredita que o mercado brasileiro não tem de ser necessariamente fechado. "Uma parte do mercado tem de estar aberto para não criar feudos que são ineficazes e ineficientes", afirmou. "Temos de olhar a crise como oportunidade para acelerar o nosso crescimento. Confio muito na iniciativa privada", disse.
Ela vê o cenário para 2012 como de crescimento do Produto Interno Bruto(PIB) de 4,5 a 5. "A meta é 5%. A meda do Guido (Mantega, ministro da Fazenda) é 5% , de toda a área econômica é 5%. Tenho certeza que a inflação fica sob controle e manterá a trajetória de curva descendente suave", afirmou a presidente, em café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.