Jornal Estado de Minas

Garantia de inflação baixa

Na área econômica, a presidente esbanjou otimismo, dizendo que o país reuniu uma série de fatores que permitem um futuro promissor, apesar da deterioração do cenário externo

Paulo de Tarso Lyra Guilherme Amado

A presidente Dilma Rousseff demonstrou otimismo nessa sexta-feira com as possibilidades de crescimento do Brasil para 2012, apesar de o cenário econômico externo manter os sinais de deterioração. "O meu cenário é entre 4,5% e 5% (de crescimento do Produto Interno Bruto). A minha meta é cinco, a meta do Guido (Guido Mantega, ministro da Fazenda) é cinco", afirmou a presidente, durante o café da manhã de confraternização com jornalistas no Palácio do Planalto. Ela também apostou numa diminuição nos níveis inflacionários, aproximando-se do centro da meta estipulado pelo Banco Central. “Nós temos certeza de que a inflação fica sob controle, fazendo aquela curva suave, porque, se ela estiver em 5% e o centro da meta é 4,5%, não faz diferença nenhuma", declarou.

Dilma declarou que o país reúne uma série de fatores que permitem a projeção de um cenário mais promissor daqui para frente. Um deles é a possibilidade da oferta de crédito sem que isso signifique um descontrole nas contas públicas. "Ao contrário dos outros países, que, quando a coisa aperta, têm de recorrer ao orçamento deles e isso provoca problemas de ampliação do déficit, nós não recorremos ao orçamento. Nós temos os depósitos compulsórios", disse.


A presidente ressaltou o salto do crédito no país para mostrar que a situação brasileira está mais cômoda. "Se você olhar, nós passamos em 2002 – final de 2002 – de algo como R$ 380 – vamos botar R$ 400 bilhões – para o que estamos hoje, quase R$ 2 trilhões – R$ 1,940 trilhão.” Dilma disse ainda que o Brasil tem margens mais confortáveis para desenvolver política monetária se comparado a outros países que passam por dificuldades. "Eles estão praticando juros de 0,5% a 0, ou até 1%", enfatizou.


Mais uma vez, o país deve repetir o modelo adotado na crise de 2009, quando priorizou os investimentos públicos e o mercado consumidor interno para superar a recessão internacional. "Nós temos uma capacidade de investimento e nós temos de explorar às últimas consequências, tanto do ponto de vista do governo quanto do ponto de vista da iniciativa privada", disse. Ela lembrou que o IBGE está revisando o volume de investimentos de 2009, que deve ter  batido os 20%. "Nós teremos de chegar – para o Brasil ficar muito bem – a uma formação bruta de capital fixo (taxa de investimento em relação ao PIB) ali em torno dos 24%. Esse vai ser um esforço crescente que, ao longo do meu período de governo, eu, pelo menos,vou perseguir", prometeu.


A presidente lembrou ainda que os investimentos públicos serão fundamentais para atender às demandas reprimidas da nova classe média, que emergiu socialmente e virá exigindo do Estado a prestação de serviços de qualidade, sobretudo nas áreas de saúde e educação. "Este desafio é um desafio que cabe ao governo enfrentar, cabe aos nossos funcionários, aos médicos, aos professores", disse.

 

Choque de gestão
Se depender da promessa da presidente Dilma Rousseff, o Brasil chegará ao fim de seu governo com um Estado mais profissional, menos burocrático e prestando serviços públicos de mais qualidade. "A eficácia de um governo vai se dar com a mudança de práticas de governança. (...) Valorização de um lado e exigência de eficiência do outro. Estou falando de meritocracia e profissionalismo. Precisamos profissionalizar o setor público brasileiro. Preciso ser representante do governo federal de um Estado que seja ágil", defendeu. Perpassando uma série de programas ao longo de seu governo, Dilma ressaltou a necessidade de melhorar a máquina pública, dando um choque de qualidade no serviço público. "Nenhum país do mundo, nem a China, avançou sem reformar o Estado", apontou.