Na época da construção da estátua em Bocaiúva, em 2008, o então prefeito Alberto Caldeira divulgou que o monumento iria fazer parte de um “complexo turístico”, incluindo também centro de artesanato, restaurante, lanchonete e quadra poliesportiva, com investimento total de R$ 875 mil, envolvendo recursos da prefeitura e do governo federal. Como não conseguiu eleger o sucessor, Alberto Caldeira acelerou ao máximo os serviços do monumento no fim de 2008, para deixá-lo como uma das marcas da sua gestão, mas não conseguiu concluir a obra.
Ferros à mostra
A estátua pode ser vista de qualquer parte de Bocaiúva, mas, quando alguém se aproxima do local, no ponto mais alto da cidade, no Bairro Zumbi, encontra somente a escultura, ainda sem pintura, e com ferros à mostra na extremidade da base. Nada de centro de artesanato, restaurante, lanchonete ou quadra. “Mas o que estava previsto no projeto foi feito” , alega Veloso, que sustenta já ter sido apresentada à Caixa Econômica Federal a prestação de contas de R$ 200,7 mil destinados ao centro de artesanato. O prefeito diz que não houve liberação de recursos para restaurante e lanchonete.
“A obra está totalmente inacabada”, sustenta, no entanto, o ex-prefeito. Segundo Caldeira, o projeto original previa a construção de uma escada pelo lado interno da estátua, dando condições para a subida até o ponto mais alto da escultura, onde deveria funcionar uma espécie de mirante, e ainda iluminação diferenciada. As obras complementares estariam a cargo da prefeitura. “Deixamos em caixa R$ 300 mil para o centro de artesanato e projeto pronto para captação de mais R$ 200 mil por meio de convênios com o governo federal”, alega. Veloso desafia: “É mentira. Gostaria que ele mostrasse o extrato bancário dos R$ 300 mil em caixa e a documentação sobre projetos para a assinatura de novos convênios”.
O prefeito não pretende gastar mais dinheiro com a estátua, baseado em entendimento de sua assessoria jurídica de que não podem ser usados recursos públicos com obra de cunho religioso, reiterando que na discussão do orçamento participativo, os moradores elegeram outras prioridades. Por outro lado, ele diz que já manteve entendimentos com Igreja Católica para que seja construída uma capela junto ao monumento, o que estimularia o turismo religioso.