Jornal Estado de Minas

Estátua de Cristo também gera polêmica no Sul de Minas

Já foram gastos cerca de R$ 500 mil com o Cristo - Foto: Messias Alves/divulgaçãoA polêmica em torno da construção de um monumento religioso se repete em Elói Mendes, cidade de 24,2 mil habitantes, a 348 quilômetros da capital, no Sul de Minas. Há quatro anos, começou a ser construída pela prefeitura uma estátua de Cristo com 39,5 metros de altura, sendo oito metros de base. A obra é divulgada no site da prefeitura do município como o “mais alto Cristo do mundo”(sic), inserido no “projeto turístico de Elói Mendes”. A estátua começou a ser erguida em 2007, na primeira gestão do prefeito Natal Cadorini (PDT), reeleito em 2008. Executada com recursos do município, não foi concluída. Há seis meses, não se veem operários no local. “Os homens continuam trabalhando por dentro do Cristo”, assegura o secretário municipal de Administração, Oto Henrique Freitas.
O secretário alega que os “serviços externos” do monumento teriam sido interrompidos devido à implantação de um loteamento no local. “Primeiro, será preciso terminar o loteamento para verificar qual será o nível do terreno. Antes disso, não podem ser feitas obras na área externa do Cristo”, explica Freitas. A previsão da prefeitura é inaugurar o monumento no ano que vem.

De acordo com o processo licitatório feito em 2006, o custo total é de R$ 239.895, mas o secretário de Administração admite que, com os serviços complementares, já foram gastos cerca de R$ 500 mil. Oto Freitas rebate as críticas de que a prefeitura deveria investir em outras prioridades, como casas populares para famílias carentes: “O investimento se justifica pela necessidade do estímulo ao turismo”.

Memória
Patrimônio derrubado

Na decada de 1970, Bocaiúva viveu outra polêmica em torno de uma construção de cunho religioso, quando foi construída a atual Matriz do Nosso Senhor Bonfim, padroeiro da cidade. Com a inauguração do novo templo, em junho de 1979, acabou sendo jogada no chão a antiga igreja do Senhor do Bonfim, edificada no século XVIII. A derrubada do prédio histórico gerou protestos por parte de alguns moradores.

O pároco da cidade era dom Geraldo Magela de Castro, atual arcebispo emérito de Montes Claros. O escritor e historiador Juca Brandão, morador de Bocaiúva, lembra que a antiga capela estava em péssimo estado de conservação. “A igreja corria risco de desabar em cima das pessoas. Algumas queriam que ela fosse recuperada, mas faltavam recursos”. Há registros da construção de 1817, na época que o estudioso francês August de Saint Hilaire percorreu o Norte. Dom Geraldo Magela de Castro, de 81 anos, conta que, além do risco de desabamento e da falta de verbas, a construção ficava em frente a nova matriz, atrapalhando a passagem dos fiéis. Segundo ele, a resistência foi de uma “minori ade saudosistas”. A decisão foi repassada aos moradores. “A maioria optou pela derrubada. No dia da demolição, teve gente que chorou.