Depois de garantir aumento de 61,8% no contracheque, a partir de 2013, na última sessão ordinária do ano, os vereadores de Belo Horizonte se reunirão esta semana em duas extraordinárias para votar projetos de interesse do Executivo. A intenção também é terminar o ano com a aprovação de proposta da Mesa Diretora da Câmara Municipal, apresentada no apagar das luzes, que cria 12 cargos comissionados na Casa e reajusta gratificações, com impacto de pelo menos R$ 1.162.578,33 anuais aos cofres públicos.
Em velocidade máxima de tramitação, além de criar 12 cargos comissionados, o texto reajusta gratificações de outros e reedita um programa de incentivo a aposentadorias, ao custo de mais de R$ 1 milhão por ano. Na semana passada, a proposta foi motivo de briga. O secretário-geral da Mesa, Cabo Júlio (PMDB), disse que não assinou o texto e que ele beneficiaria Burguês, que estaria “equipando a Casa para ele”. A matéria acabou aprovada em primeiro turno na sexta-feira, com o voto do próprio peemedebista.
Já o prefeito Marcio Lacerda (PSB), em café da manhã com vereadores na semana passada, definiu cinco projetos como prioritários para votação. O único que tramita em primeiro turno, sendo responsável pela convocação de duas reuniões – para aprovação em dois turnos –, é a criação da Operação Urbana Simplificada do Centro de Convenções de BH.
A proposta do Executivo é construir um espaço para eventos no Bairro União, na Região Nordeste da capital, em parceria com a iniciativa privada. Em lote de 29.885,15 metros quadrados, sendo parte do terreno da PBH e outra área já desapropriada, próxima ao Minas Shopping, o vencedor da licitação teria de erguer um hotel, além de salas para encontros empresariais e palestras. Na pauta das extraordinárias tramitam ainda duas outras parcerias público-privadas (PPP).
Pelo PL 1.903/2011, a PBH fica autorizada a delegar a responsabilidade de obras e reformas de escolas municipais a empresas privadas. Mediante licitação, a manutenção e gestão predial, a zeladoria, a segurança e a limpeza dos espaços seriam feitos pela vencedora. Já o PL 2.023/2011 prevê a construção de estacionamentos subterrâneos em BH.
Guarda
A proposta mais polêmica da prefeitura na pauta é a criação do plano de carreiras da Guarda Municipal de BH. Pelo PL 1.836/2011, a corporação teria nove níveis hierárquicos, com salários entre R$ 735 e R$ 3.060,49. O sindicato da categoria pediu ao Executivo que retirasse o projeto, apontando falhas no texto, que abririam critérios subjetivos para promoções. Eles reclamam ainda de emenda da PBH com a criação de 97 cargos comissionados. “É um ‘cabidão’”, define o presidente do SindGuardas/MG, Pedro Ivo Bueno.
Na pauta, há ainda o PL 2.022/ 2011 que aumenta os valores de financiamento de imóveis na capital a beneficiados pelo programa do governo federal Minha casa, minha vida. Sem acordo para votação, o projeto que prevê a venda de 118 lotes da prefeitura, com previsão de pelo menos R$ 140 milhões de arrecadação, acabou ficando para 2012. Vereadores reclamaram que o valor dos lotes estavam abaixo do mercado.
Enquanto isso...
... aumento espera sanção
Os vereadores de Belo Horizonte aguardam apenas a sanção prefeito Marcio Lacerda (PSB) para garantir o reajuste de 61,8% nos contracheques dos eleitos no ano que vem. Aprovado em turno único na sexta-feira, em apenas cinco dias de tramitação, o salário dos parlamentares saltará de R$ 9.288,05 para R$ 15.031,76 em 2013 e corresponderá a 75% dos vencimentos dos deputados estaduais, justamente o teto previsto pela Constituição Federal. Sob vaias de quem acompanhou a sessão e confiantes na vitória nas urnas, eles garantiram um ganho real de 30,45% na remuneração, de acordo com previsão do acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial, para os quatro anos da atual legislatura, quando não podem reajustar o valor.