De acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, a aquisição dos imóveis observou critérios técnicos. O primeira era que o valor dos imóveis obedecesse a uma média histórica, dentro da área onde estavam localizados. O segundo, que cada um tivesse a capacidade de receber, no mínimo, 15 famílias. E finalmente, que as áreas estivessem próximas a estradas e em locais de fácil ingresso das políticas públicas.
Já a escolha das famílias foi determinada pela Norma de Execução 45, de 2005, que prioriza aquelas com condições precárias de habitação, saúde, insuficiência de renda, falta de acesso à educação, entre outros. Depois de despachar com a presidente Dilma, o ministro disse: “Estamos constituindo uma reforma agrária sólida, com possibilidades reais de sucesso”.
Movimento
De acordo com o Incra, as 60 fazendas desapropriadas vão atender aos diversos movimentos de luta pela terra, como sindicatos de trabalhadores rurais, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), sendo que a maior parte das famílias beneficiadas é ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O decreto, na verdade, é apenas um das etapas para o longo processo burocrático de construção dos assentamentos. Depois da publicação, a Procuradoria do Incra tem que requerer à Justiça Federal o ajuizamento das desapropriações para fins de reforma agrária. O Judiciário autoriza a emissão de posse, que é feita por meio de um oficial de Justiça. Durante esse processo, a desapropriação pode ser questionada pelo proprietário do imóvel. Finalizado o processo, o Incra já pode solicitar o registro da área e publicar portaria constituindo o assentamento.
O presidente do Incra, Celso Lacerda, acredita que vai conseguir assentar este ano apenas 25 mil das 40 mil famílias, conforme previsão inicial. Lacerda disse que a demora de quase um ano para ações efetivas de assentamento se deve a uma revisão do programa, exigência da presidente Dilma Rousseff, que pretende dar maior qualidade ao processo para evitar desapropriação de áreas ruim ou marginais. Segundo Lacerda esse é um dos maiores orçamentos da área e, até outubro, já haviam sido aplicados R$ 515 milhões para a compra de 183,5 mil hectares para beneficiar 6,2 mil famílias.