Eleitores de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, a 120 quilômetros de BH, prometem movimentar a Câmara Municipal amanhã, no turno da tarde. Os manifestantes são contra o aumento de 58% no salário dos parlamentares para próxima legislatura. Com isso, o valor, que atualmente é de R$ 6.192, passaria para R$ 9.678. O projeto, que deveria ter sido votado no dia 22, pode novamente ser retirado da pauta. De acordo com a diretoria da Casa, ainda não há previsão de quando a votação acontecerá, mas está prevista uma reunião extraordinária, cuja data não foi divulgada, quando provavelmente o assunto será levado a plenário.
Na Câmara, o assunto é tratado com cautela. Apenas o presidente da casa pode dar mais informações sobre o projeto, no entanto ele não foi localizado ontem durante todo dia. Nos corredores, o que se comenta é que, como o assunto se tornou polêmico na cidade, a pauta está sendo adiada. Na reunião da terça-feira, quando foi feita a leitura do projeto, o presidente chegou a justificar que estava cumprindo uma lei federal, já que o vereador deve receber de acordo com o tamanho e arrecadação do município.
O aumento representa um acréscimo mensal de mais de R$ 47 mil na folha de pagamento dos vereadores da Câmara Municipal – que em setembro já havia aprovado o aumentado no número de cadeiras de 13 para 17 para próxima legislatura. Com isso, o gasto com subsídio dos vereadores passaria de aproximadamente R$ 79 mil, para mais de R$ 127 mil.
O aposentado José Vítor de Almeida, de 79 anos, que vive com pouco mais que um salário mínimo, acredita que esse aumento significa um desrespeito com a população. “Eu respeito o trabalho dos vereadores, mas eles estão querendo muito. Salário alto demais para Divinópolis! Podem até ter um aumento. Eu concordo. Mas 58% é demais. Mesmo de bengala, eu pretendo sim estar nessa manifestação”, diz.
Estudante de direto, Márcia Assis de Oliveira, de 24 anos, não concorda com o projeto e também pretende ir à Câmara hoje, assistir “ao vivo e em cores” as explicações dos vereadores para esse aumento. “Vamos acompanhando. Se eles adiarem, a gente adia a manifestação também. Acho bobagem eles ficaram alterando a data. A população está de olho. Na data que for estaremos lá. Sempre. Hoje, amanhã, semana que vem.”