Brasília – Os dois partidos que sustentam a aliança do governo Dilma Rousseff terão um complicado xadrez para jogar nas próximas eleições municipais, marcada para 7 de outubro. PMDB e PT vão protagonizar o embate em diversas cidades ao mesmo tempo que caminham lado a lado no governo federal. As costuras entre as duas legendas passam por importantes capitais, como Belo Horizonte e São Paulo. Na capital mineira tudo depende do rumo que o PT vai tomar. Caso permaneça na aliança que elegeu o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e que conta com o apoio do PSDB, a tendência é de que o PMDB oficialize a candidatura do deputado federal Leonardo Quintão (PMDB).
O parlamentar foi o principal rival de Lacerda no último pleito e um acordo entre os dois é complicado. Entretanto, caso a ala petista liderada pelo vice-prefeito Roberto Carvalho – defensor ferrenho da aliança da base do governo Dilma Rousseff em Minas para a prefeitura da capital – saia vitoriosa no próprio partido, abandonando Lacerda, o PMDB pode formar uma chapa com os petistas. Quintão já havia se posicionado como pré-candidato pelo PMDB no início do ano passado, mas acabou retirando seu nome depois que Carvalho começou a negociar uma aliança com os peemedebistas.
No plano nacional, ao mesmo tempo em que busca alianças, o PMDB terá de conter o avanço petista sobretudo nas regiões Nordeste e Sul para cumprir a ousada meta de elevar de 1.175 para 1.300 o montante de administradores municipais eleitos pela legenda – um aumento de 10%. A preocupação é manter a dianteira no ranking dos partidos com maior número de prefeituras, o que garante a credencial de aliado mais forte do governo Dilma.
O PMDB trabalha uma estratégia agressiva nos estados e, a princípio, quer ter candidatos em cada uma das 26 capitais. O cenário mais plausível até o momento, entretanto, aponta para candidaturas próprias do PMDB em 22 capitais. O PT lança nomes em 20 capitais. No outro extremo do espectro partidário, o PSDB tem pretensões em 19 capitais. Um enfraquecido DEM mira em 14.
São Paulo A disputa pelo poder entre as duas legendas acabou antecipando as articulações na maior cidade do país. As prévias para a escolha das candidaturas a prefeito, no PT, ocorrem no início do ano. Mas o acordo em torno da candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à Prefeitura de São Paulo (SP) acabou selado na primeira quinzena de novembro, exemplifica um membro da cúpula do PT. “Será difícil para o governo manter o distanciamento necessário das divisões políticas que deverão surgir nesse processo”, afirma o cacique petista.
O maior partido da base aliada trabalha para contornar a possível ameaça a seu poder de pressão dentro do governo que surge sob a forma da aliança – por ora informal – entre PSB e PSD. Em quase todos os estados, o nascimento do partido desenhado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, como uma dissidência do DEM só foi possibilitado por causa do apoio do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que ascendeu à condição de um dos principais articuladores políticos do país ao eleger a mãe, Ana Arraes, para uma cadeira de ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Foi com o apoio do PSB que o PSD emergiu como a terceira maior bancada da Câmara. (Colaboraram Daniel Camargos e Amanda Almeida)