O polêmico projeto que reajusta em 61,8% o salário dos vereadores de Belo Horizonte chega às mãos do prefeito Marcio Lacerda (PSB) até quinta-feira. Como não recebeu emendas de redação até sexta-feira, o texto segue para sanção ou veto do Executivo, que terá 15 dias para avaliar a viabilidade do novo vencimento, que entra em vigor em 2013, custando mais R$ 3.532.382,40. A pressão popular e de alguns parlamentares, que se dizem contrários ou arrependidos da votação, é para que o socialista barre o valor aprovado pelo Legislativo.
O presidente em exercício da Câmara, vereador Alexandre Gomes (PSB), disse ontem que vai aguardar a volta do titular, Léo Burguês (PSDB), para encaminhar o projeto ao prefeito, embora o tucano chegue das férias no dia seguinte ao vencimento do prazo. Gomes alega que janeiro não conta como prazo e que, portanto, o período não vence na quinta-feira. Procurada pela reportagem, no entanto, a assessoria da Câmara confirmou que o Legislativo tem até 5 de janeiro para enviar o texto.
Alexandre Gomes também ironizou o grupo de vereadores que, depois da repercussão negativa do reajuste com a população, pede agora o veto para votar um novo índice. “Todos desse movimento não quiseram colocar emenda, assim como não colocaram durante a tramitação”, disse. Os vereadores Fábio Caldeira (PSB), Ronaldo Gontijo (PPS), Daniel Nepomuceno (PSB) e outros anunciaram uma negociação com o Executivo para um “veto consensuado”, que teria junto a elaboração de nova proposta pela Mesa Diretora.
Vergonha
Até mesmo vereadores que votaram favoravelmente ao reajuste de 61,8% confidenciaram a colegas estarem envergonhados diante da reação popular e aderiram. Um deles é o vereador Geraldo Félix (PMDB), que enviou ofício ao prefeito pedindo o veto da proposta.
Tantas mudanças de opinião não foram gratuitas. Protestos nas redes sociais pedem o veto do Executivo e a reprovação, nas urnas, dos vereadores que votaram o próprio aumento. Em 22 de dezembro, moradores de Belo Horizonte foram à porta da PBH com cartazes, faixas, apitos e cornetas pedir que Lacerda reprove a medida. O protesto na rua reuniu cerca de 200 estudantes, sindicalistas e representantes de entidades da sociedade civil.