A mera sinalização da presidente Dilma Rousseff de que poderá ouvir o pleito de aposentados do INSS que ganham acima do salário mínimo poderá abrir a porta para outras reclamações de reajustes represados por Dilma. Dois deles se apresentam como ameaças concretas e reais: o aumento de 56% para os servidores do Judiciário, que o Palácio do Planalto consegue embarreirar há dois anos, e o reajuste para os aposentados do serviço público federal.
No caso do Judiciário, a tendência é que o PMDB mantenha o apoio à reivindicação. Alguns observadores políticos disseram que os peemedebistas arrefeceriam a pressão depois da posse de Jader Barbalho (PMDB-PA) no Senado. Mas os caciques do partido planejam o crescimento da legenda nas disputas municipais, e a bandeira de reajustes salariais sempre soa simpática aos olhos do eleitorado.
É a mesma situação dos servidores públicos federais, que nos últimos dois anos também não tiveram qualquer tipo de aumento salarial. Segundo o Ministério da Previdência, são quase 950 mil aposentados ante 1,1 milhão de servidores na ativa.
Debandada
A presidente Dilma Rousseff tirou duas semanas de férias, e sua equipe aproveitou para fugir de Brasília, deixando o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios esvaziados neste início de ano Enquanto a presidente descansa na Bahia, todos seus ministros palacianos entraram em recesso, algo raro nos últimos anos. Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Helena Chagas (Secretaria de Comunicação) e o general José Elito (Gabinete de Segurança Institucional) voltam ao batente no mesmo dia planejado pela chefe, na segunda-feira. Ideli Salvatti (Relações Institucionais) fica no exterior até o dia 16. Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) viajaria ontem para uma praia de Pernambuco e retorna no dia 22. Na Esplanada, dos 38 ministros, apenas 11 estarão trabalhando durante a primeira semana do ano.