Há mais de um mês Minas sofre as consequências das chuvas, e, em três horas, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, fechou sua agenda no estado. A visita dessa sexta-feira, aparentemente, foi apenas uma tentativa de melhorar a sua imagem depois de ser alvo de uma avalanche de denúncias, como beneficiar seu estado natal, Pernambuco, com mais recursos e os parentes com cargos. Para os 87 municípios mineiros em situação de emergência, o ministro deixou um cartão no valor de R$ 25 milhões para que o estado e municípios possam usar nas despesas emergenciais. Além disso, apenas promessas de recursos para a reparação dos estragos e para a prevenção de outros desastres, que, mais uma vez, correm o risco de ficar no papel, como Bezerra disse: “O governo federal não vai dispor a toda demanda colocada pelo governo de Minas Gerais”. O ministro nem sequer visitou as áreas atingidas, deixando a tarefa para o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.
O estado, de acordo com o governador, vai investir em dragagem, “uma área de prevenção muito importante”. O governador se monstrou confiante na ajuda do governo federal. Para amenizar o comentário de Bezerra, Anastasia disse que nem a União, os estados ou os municípios “jamais tiveram, têm ou terão recursos suficientes para enfrentar todas as necessidades ao mesmo tempo”.
Não é nisso que o ministro dos Transportes acredita. Segundo Paulo Passos, a presidente Dilma Rousseff (PT) não poupará esforços e “tão pouco recursos” para consertar os estragos causados pelas chuvas. E disse mais: “O objetivo é de que as obras feitas este ano não tenham de ser refeitas no ano que vem”. Questionado se o governo federal terá verba para isso, ele disse: “Nesses casos, sem dúvida nenhuma. Uma situação excepcional requer um tratamento excepcional. Uma situação excepcional é uma situação que exige atenção e prioridade e é isso que estamos fazendo aqui”. Ele prometeu, do Ministério dos Transportes, pelo menos R$ 100 milhões para a recuperação das rodovias federais.
O ministro visitou o Viaduto São Francisco, em Belo Horizonte, percorreu a BR-040 até Itabirito e a BR-356, até Ouro Preto. Na rodoviária da cidade histórica, onde ainda podem ser vistos os estragos causados pelas chuvas na semana passada, quando o terminal foi soterrado, ele disse que o governo de Minas poderá contar com o governo federal, inclusive para a recuperação das estradas estaduais. “Dilma me fez portador do que aqui digo”, observou o ministro. A presidente ligou para Passos quando estava ainda na estrada. A conversa com Dilma aconteceu debaixo de chuva, no km82 da BR-356, onde as águas provocaram uma erosão na estrada.
O ministro pegou a folha onde estavam listados os 17 pontos que ele tinha até o momento como os prejudicados pela chuvas e começou a contar a situação dos trechos pelos quais passou e parou. “A presidente mandou um abraço”, disse ao prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, que foi colega de Dilma na escola, assim que desligou o telefone. O ministro, durante o percurso, chegou a parar em um trecho da BR-040 e em quatro da BR-356. A rodovia que vai até Ouro Preto foi liberada só para a sua passagem.
Investimentos estaduais
Paulo Passos ficou sabendo da situação das rodovias estaduais em uma conversa que teve, durante a viagem até Ouro Preto, com o secretário de Transportes, Carlos Melles. Segundo Melles, 70 trechos de estradas de responsabilidade do estado foram afetados pelas chuvas, 14 já foram liberados, 12 ainda estão interditados e o restante funciona em apenas meia pista. Melles disse ainda que o governo investiu, até o momento, cerca de R$ 70 milhões na recuperação de pontes, mas esse valor, segundo ele, pode aumentar. A estimativa, se as chuvas continuarem, é de que 500 pontes sejam prejudicadas. Atualmente, 370 foram destruídas. Os cálculos são de que cada ponte custe em torno de R$ 40 mil.