O PT de Belo Horizonte deve levar a proposta de reedição da aliança com o prefeito Marcio Lacerda (PSB) para votação em um encontro ampliado, previsto para ocorrer até março. O grupo que defende o apoio ao socialista garante ter as 15 assinaturas de integrantes do diretório necessárias para incluir a tese na agenda de discussão do partido. O Diretório Nacional deu até 15 de janeiro para que os filiados na capital escolham entre a candidatura própria e a aliança pela reeleição de Lacerda.
O grupo do presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, quer a repetição da dobradinha com Lacerda, que inclui os rivais históricos do PSDB. “Nos reunimos antes do ano-novo e já tínhamos as assinaturas. Estamos em um projeto, governando com o prefeito, e achamos que é mais natural apoiá-lo agora do que foi em 2008, quando havia mais contradição política”, afirmou Reginaldo Lopes.
Segundo o dirigente estadual, as bancadas federal e estadual estavam mais divididas em 2008 e os grupos internos do PT também. Lopes se esquiva de comentar a participação dos tucanos, convidados pelo PSB a participar formalmente da coligação. “Não temos nada a ver com o PSDB, nossa aliança é com o PSB, com o Marcio e o projeto nacional do PT. E eles (tucanos) não vão estar na chapa majoritária”, disse.
O grupo ligado ao ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias ainda não se posicionou, mas a expectativa é apoiar a tese de apoio à reeleição de Lacerda. Como há duas posições dentro do partido, a solução deve ser levada para o encontro previsto para ocorrer para até março. Conforme a Direção Nacional, para discutir o apoio a aliados, é preciso apresentar um documento com a assinatura de 30% dos membros do diretório.
Bases
O presidente do PT municipal, o vice-prefeito Roberto Carvalho, minimizou a articulação no partido pelo apoio à reeleição de Lacerda. Brigado publicamente com o prefeito, ele disse que a decisão ainda não está tomada. “Isso é só um pré-requisito para inscrever a tese, ou seja, não significa nada”, afirmou. Segundo Carvalho, as bases do PT é que vão optar e, em sua maioria, os petistas querem candidatura própria.
Em plenária dos movimentos sociais do PT, semana passada, Carvalho disse que cerca de 80 lideranças apoiaram a candidatura própria do PT e elaboraram um manifesto pedindo um nome do PT na disputa. Carvalho diz que cerca de mil filiados já assinaram o documento. “Vamos fazer os debates e quem decide é o encontro municipal, são as bases. O que a direção municipal assegura é que teremos um dos processos mais participativos da história do PT”, disse.
Carvalho vem articulando com PMDB e PDT a união da base da presidente Dilma Rousseff (PT) em Minas Gerais. No entanto, só aceita uma aliança com o PSB de Marcio Lacerda se o PSDB estiver de fora. Nas conversas, todos abriram mão de impor uma candidatura própria e defenderam que fosse escolhido o nome mais viável para representar os aliados. O presidente municipal do PT nega que o partido tenha desistido de apresentar um nome. “A decisão é do partido. O que acertamos com os demais foi que iríamos construir uma plataforma com compromissos para a cidade identificada com a presidente Dilma. E, segundo, que vamos fazer um esforço grande para ter uma candidatura única da base aliada.”
Fidelidade partidária
No primeiro ano do governo Dilma Rousseff, PSB e PCdoB, aliados históricos do PT, mantiveram um grau de fidelidade de 68,37% e 67,7%, respectivamente, nas votações de interesse do Executivo no Congresso Nacional, sendo superados apenas pela adesão da própria bancada petista (73,71%). Mesmo sendo parte do governo e ocupando a vice-presidência, o PMDB, com 64,21%, não figura entre os partidos mais fiéis, considerando todas as votações de interesse do Palácio do Planalto realizadas no ano passado. Em sua estreia, o PSD do prefeito Gilberto Kassab também se comportou com a lealdade dos governistas, atingindo no seu primeiro mês de votação, novembro, adesão superior a 90% nas votações de interesse do governo. Os dados são de levantamento feito pela consultoria Arko Advice, especializada em estudos sobre o comportamento dos parlamentares.